Os coronéis Cesar Mainguê e Luiz Fernando de Lara, ex-comandantes da Polícia Militar no Paraná, negaram, em depoimento à Justiça Militar, ter conhecimento que o ex-sargento Jorge Luiz Martins trabalhasse no setor de segurança do banco HSBC ao mesmo tempo em que atuava na corporação. Essa situação é ilegal e fere o Código Disciplinar da PM.
No processo que tramita na Justiça Militar, Martins é réu, acusado de falsidade ideológica e inobservância da lei, por supostamente ter omitido de seus superiores que estivesse trabalhando no banco privado. Ele alega que cumpria ordens de seus comandantes.
Martins atuou no HSBC por quase seis anos - entre 1994 e 2000. Nesse período, teria coordenado o departamento de inteligência do HSBC. Uma de suas atribuições seria fazer escuta telefônica clandestina de bancários e até clientes. Foi demitido do banco em 2000 e expulso da PM em março deste ano. Move ação trabalhista contra o primeiro e tenta se aposentar pela corporação. O decreto federal 88.777 estipula que um militar deve passar para a reserva após exercer dois anos de atividade civil ou cargo público.
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Durante o período em que Martins atuou no HSBC, a PM paranaense teve quatro comandantes gerais - Sérgio Itamar Alves, Mainguê, Lara e Guaraci Moraes Barros, que fôra seu chefe imediato no 17º Batalhão da PM, em Curitiba. Em depoimento, Alves também negou conhecer a irregularidade. Barros deveria depor ontem, mas não compareceu. Ele está na reserva, tratando de um câncer na próstata.
Em junho, o tentente-coronel Donizete Ribeiro, que assumiu o comando do 17º BPM em 97, admitiu que ele e o então comandante de Policiamento da Capital, coronel Renildo Gonçalves, sabiam que o ex-sargento trabalhava para o banco e que isso era uma determinação superior. Gonçalves nega. "Um comandante geral não tem condições de saber o que fazem os 18 mil homens da PM no Paraná", defendeu-se Lara, após concluir o depoimento.