Um dia após o fim do acampamento de manifestantes bolsonaristas na zona leste de Londrina, o único sinal que permaneceu do QG montado em frente ao Tiro de Guerra era uma montanha de lixo e entulhos, ao lado da rua que dá acesso ao quartel do exército.
Todas as barracas foram retiradas, além dos banheiros químicos e das bandeiras e faixas que ficaram penduradas por quase 70 dias nos muros e grades do TG. Durante a tarde de terça-feira (10), a reportagem da FOLHA esteve no local e não havia nenhuma movimentação de pessoas ou carros nas proximidades. O acesso ao Tiro de Guerra também estava normalizado.
Para alguns moradores da região, o encerramento do acampamento foi um alívio e trouxe a tranquilidade novamente para a região. "Não houve mudanças significativas na nossa rotina em razão do acampamento, até porque estava um pouco distante daqui. Mas principalmente nos fins de semana, aumentava muito o volume de carros na região e isso incomodava um pouco", afirmou uma moradora da Rua Augusto Canezin, que preferiu não se identificar.
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A Rua Augusto Canezin está localizada nos fundos do TG e onde estão as residências mais próximas. O quartel do exército em Londrina fica em uma área isolada entre a pista do aeroporto e o recém inaugurado Arco Leste. A própria via que dá acesso ao portão principal do TG é fechada para o tráfego normal e não há trânsito de carros, motos e ônibus pelo local.
A doméstica Ana Lúcia do Nascimento, lembra que em alguns momentos o som do acampamento atrapalhava, especialmente os alunos da Escola Estadual Heber Soares Vargas, que fica próxima ao Tiro de Guerra. "Meus filhos estudam no colégio e reclamaram algumas vezes, principalmente nos primeiros dias do acampamento, quando o volume de pessoas era maior", comentou. "No entanto, nunca tivemos nenhum problema com as pessoas que estavam lá e acredito que eles têm o direito de protestar por aquilo que eles entendem que esteja errado".
O grupo de bolsonaristas estava acampado em frente ao TG de Londrina desde o dia 2 de novembro de 2022 após não aceitar a derrota nas urnas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que perdeu as eleições para o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Os manifestantes defendiam causas antidemocráticas como um golpe de estado e intervenção militar.
A desmobilização do acampamento se deu em razão de uma ordem judicial assinada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, que determinou o fim de todos os protestos em frente aos quarteis do exército no país. Em Londrina, a desmobilização foi feita de forma pacífica após negociação da Polícia Militar com os manifestantes.