O presidente da CPI da Telefonia, deputado Tony Garcia (PPB), disse ontem que a confirmação de que o comitê de reeleição do governador Jaime Lerner (PFL) usou uma fita cassete com supostas conversas telefônicas grampeadas ilegalmente complica a situação do Palácio Iguaçu na investigação. "Não quero fazer pré-julgamentos, tenho que manter a isenção, mas as coisas caminham para que aumente a desconfiaça sobre o Palácio Iguaçu", afirmou.
Garcia referiu-se à revelação feita pelo secretário especial da Chefia de Gabinete de Lerner, Gerson Guelmann, na sexta-feira. Depois do seu depoimento na comissão especial do governo criada para apurar o caso, o secretário admitiu a jornalistas que o comitê de campanha de Lerner se valeu de informações de uma fita cassete com conversas telefônicas do senador Roberto Requião (PMDB) para interceptar jornais do PMDB. O material continha ataques a Lerner na eleição ao governo, em 1998, e foi apreendido pela Polícia Federal.
Guelmann alegou na CPI que a fita cassete foi enviada anonimamente para o comitê e que jamais se envolveu em qualquer caso de escuta ilegal, tanto dentro como fora do Palácio Iguaçu. O secretário foi procurado na tarde de ontem para esclarecer o assunto, mas a informação é de que ele estava fazendo exames médicos. Guelmann avisou por meio da assessoria de Comunicação Social do Palácio Iguaçu que não daria mais entrevistas. Ele só retornará a falar sobre o episódio quando for chamado para depor na CPI da Telefonia.
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Mesmo que a revelação de Guelmann possa representar um fato novo no escândalo dos grampos, a comissão especial do governo não vai investigar a informação. O presidente da comissão, o secretário de Segurança Pública, José Tavares, disse por meio de sua assessoria que a comissão foi formada para "investigar grampos telefônicos em prédios públicos e não em comitês de campanha".
O deputado Tony Garcia disse que o conteúdo da fita que Guelmann fez menção não é de seu conhecimento. No mês passado, o deputado anunciou que encaminhou para perícia um lote de fitas entregues à CPI. O material está sendo analisado por técnicos da Unicamp, em Campinas. Alé da fita, Garcia disse que pretende esclarecer como uma central de telefonia doada pela empresa de Siemens para o comitê de reeleição de Lerner, passou pelo Palácio Iguaçu e acabou apreendida na casa do técnico em telefonia Gilberto Maria Gonçalves. "Confundiram o (interesse) público com o privado", afirmou.