O presidente da Assembléia Legislativa, deputado Hermas Brandão (PTB), receberá hoje ou amanhã o projeto de iniciativa popular para barrar a privatização da Copel. Os organizadores do Fórum Contra a Venda da Copel anunciaram ontem à tarde que o número mínimo de assinaturas exigido (65 mil) para apresentar o pedido, foi superado. O número mínimo exigido pela lei corresponde a cerca de 1% do eleitorado paranaense.
O coordenador-executivo do Fórum, Nelton Friedrich não confirmou a entrega do projeto para hoje, mas reconhece a pressa, principalmente para barrar a iniciativa do líder do governo Durval Amaral (PFL). O deputado governista quer impedir a votação do projeto popular.
Desde a semana passada, a pressão do Fórum sobre os deputados governistas passou a empregar táticas diferentes. Na noite de sexta-feira, em Toledo (na região Oeste do Estado), um grupo de manifestantes se concentrou com velas acesas em frente à casa do deputado Duílio Genari (PPB), autor do projeto de privatização da Copel em 1998. Os responsáveis pelo fóruns municipais planejam um ato na cidade de Cambé, base eleitoral do deputado Durval Amaral.
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Para o próximo dia 11, os organizadores esperam reunir em Curitiba cerca de 10 mil pessoas. Elas marcharão até o Palácio Iguaçu e a Assembléia Legislativa. Um fax sem assinatura foi enviado no sábado para as redações dos jornais com ameaças de invasão do prédio da Assembléia no dia do protesto, mas a coordenação do Fórum nega que a ocupação esteja nos planos do movimento.
Apesar da crise de abastecimento que paralisou o debate sobre a privatização de hidrelétricas no País, o governador Jaime Lerner (PFL) tem insistido na venda da Copel. A posição do governador alimentou as críticas dos que são contra a privatização da companhia paranaense. "O governador é de uma incoerência sem tamanho. Ao mesmo tempo, ele se orgulha do Paraná ser uma potência no setor energético, mas deixa claro que quer se desfazer desse patrimônio. Não dá para entender", diz Friedrich.
A versão do Palácio Iguaçu para vender a companhia é de que no setor privado, a Copel terá mais condições de receber novos investimentos e competir em igualdade com as gigantes do setor no País. A oposição menciona que o discurso esconde outra disposição: o equilíbrio das contas governamentais auxiliado pelo dinheiro da venda da companhia.
Com a apresentação do projeto de iniciativa popular, o Fórum prevê que os defensores da privatização terão de refletir com mais cuidado. "Ficará mais difícil para os deputados do governo votarem contra um projeto da população do Paraná", diz Orlando Pessuti (PMDB). O abaixo-assinado deverá reunir pelo menos 150 mil assinaturas, de acordo com as primeiras projeções feitas ontem.