O governo do Estado impetrou mandado de segurança e conseguiu suspender o envio de contratos supostamente superfaturados para análise dos integrantes da CPI da Telefonia, que investiga grampos telefônicos no Palácio Iguaçu e em partidos políticos.
Pedido de informação da CPI da Telefonia pretendia saber como foram celebrados os acordos entre o governo e as empresas Consult Informática, Contrans e Ouro Verde, mas o desembargador José Wanderlei Martins, do Tribunal de Justiça, concedeu liminar que impede a remessa da documentação.
A curiosidade da CPI dos Grampos foi motivada após o depoimento da ex-secretária de Administração, Maria Elisa Paciornik, que teve os telefones de seu gabinete grampeados em outubro de 1999. Um dos motivos que teriam provocado o grampo seria a recusa de Maria Elisa em renovar os contratos, que segundo ela, estavam 440% acima do preço normal. Como o depoimento foi dado à CPI, o presidente da comissão, deputado Tony Garcia (PPB), enviou pedido ao governo.
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Ao saber da recusa de ter acesso aos contratos, Garcia atacou o governo. "É um absurdo que o governador Jaime Lerner (PFL) queira esconder algo que deveria ser público. O governo quer esconder a podridão e jogar pra baixo do tapete", disparou. O deputado disse que vai conversar com o presidente da Assembléia, deputado Hermas Brandão (PTB), para recorrer da decisão na segunda-feira. "Querem acabar com a CPI, mas nós não vamos deixar. Eles ingressaram com essa ação porque estão com medo de ser presos por não prestarem informações à comissão", disse.
O secretário do Governo, José Cid Campêlo Filho, rebateu Garcia no mesmo nível. "Absurdo é fazer da CPI um palco para se fazer política", afirmou. Ele recomendou ao deputado que os pedidos de informação podem ser obtidos se forem apresentados no plenário, onde a solicitação deve ser aprovada pela maioria dos deputados. "Existem caminhos legais para se obter os documentos e não pelo desvio de conduta de uma CPI."
Garcia ainda tem esperanças de reverter o quadro, já que o desembargador José Wanderlei Martins citou no despacho que o Supremo Tribunal Federal (STF) permite que uma Comissão Parlamentar de Inquérito amplie seus trabalhos de investigação. "Ele está deixando claro que podemos investigar", declarou o pepebista.
O relator da CPI da Telefonia, Algaci Túlio (PTB), disse que em função do mandado de segurança impetrado pelo Palácio Iguaçu, a comissão vai reavaliar suas estratégias e decidiu cancelar os depoimentos marcados para a terça e quarta-feira da próxima semana. "Agora, além da Telepar, temos outro inimigo poderoso: o Palácio Iguaçu, por isso precisamos nos municiar com todas as armas", diz Túlio.
O deputado, que se disse indignado com a manobra do governo, afirma que a decisão do desembargador José Wanderlei Martins será questionada. Em seu despacho, o desembargador deu um prazo de dez dias para que a CPI apresente as justificativas para seu pedido de informações. Túlio garantiu que o prazo será cumprido.