Assim que soube do resultado do julgamento do Tribunal Internacional dos Crimes do Latifúndio, o governo do Paraná tratou de reforçar o discurso contra o Tribunal Internacional. O secretário-chefe da Casa Civil, Alceni Guerra, disse que o Palácio Iguaçu já sabia da condenação antes mesmo que fosse proferida. "Não esperávamos outra coisa de um tribunal político, com pessoas de um lado só", declarou, por volta das 21 horas.
O secretário disse que para o governo Lerner o que vale mesmo é o trabalho que o Poder Judiciário do Estado vem desenvolvendo em processos aonde se discute conflitos agrários. "O que reconhecemos é um Judiciário que está julgando crimes de forma imparcial. O resto para nós não existe. Não vamos comentar porque seria um desrespeito às instituições constituídas", afirmou Alceni Guerra.
A carta redigida pelo governador Jaime Lerner, e encaminhada na semana passada ao presidente do Tribunal Internacional, Hélio Bicudo, foi lida ontem no decorrer do julgamento, por volta das 17 horas. Em vez de nomear um advogado, para falar em nome do governo, como estava planejado no roteiro inicial, a organização do tribunal usou a carta de Lerner como instrumento de defesa do Estado.
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O governador classifica o tribunal como de "exceção". Na carta, Lerner afirma que todo o material produzido para o julgamento "traz forte conteúdo político-partidário e evidente motivação de pré-julgamento". Lerner diz ainda que "está se buscando atropelar a apuração da verdade e da lei vigente no Brasil". Para o governador, o Paraná é um estado agrário e democrático, "consolidado muito antes do surgimento do Movimento Sem Terra (MST)". Sobre os incidentes ocorridos desde 1998, e que estavam em questão no julgamento de ontem, o governador do Paraná afirma que os conflitos são "decorrentes de desentendimentos entre os próprios sem-terra".