O governador Jaime Lerner (PFL) já deu mostras de que quer abafar qualquer tentativa de sucesso das investigações sobre os grampos telefônicos no Palácio Iguaçu. A postura do governador não se estende apenas à CPI da Telefonia, qualificada por ele como "um circo", mas ao inquérito aberto no 3º Distrito Policial, este com poderes de indiciar acusados. As investigações são feitas em sigilo desde que vieram à tona os primeiros indícios de que o alto escalão de Lerner estaria ligado ao escândalo.
Um contato com o delegado responsável pelo caso, Gerson Machado, é seguido da resposta: "Por determinação do doutor Leonyl (Ribeiro, delegado-geral da Polícia Civil), não posso falar mais a respeito das investigações". A assessoria de Ribeiro alega que o segredo é vital para evitar a divulgação de informações truncadas. O delegado-geral da Polícia Civil só precisa dar satisfações ao secretário de Segurança ou ao governador.
Outra demonstração de que o governador está jogando todas as cartas para barrar os trabalhos está na constituição da Comissão Especial de Investigações, presidida por uma pessoa de confiança do governador: o secretário de Segurança José Tavares.
Leia mais:
PEC que propõe fim da escala de trabalho 6x1 alcança número necessário de assinaturas, diz Erika Hilton
Fux manda governo impedir que beneficiários de programas sociais usem recursos em bets
Trump coroa Elon Musk com cargo em 'comissão de eficiência' de seu governo
Câmara de Londrina cobra conclusão do Centro Especializado de Reabilitação
Na semana passada, mesmo antes da conclusão dos trabalhos, a comissão justificou a que veio: inocentou o secretário especial da Chefia de Gabinete de Lerner, Gerson Guelmann, e o chefe da Casa Militar, coronel Luis Antonio Borges Vieira, acusados de comandar uma rede de escutas ilegais não só no Palácio Iguaçu, mas contra adversários políticos do governador. Ambos negam ter cometido estes crimes.
A comissão por onde desfilaram os principais personagens deste escândalo não tem poder jurídico para inocentar ou sequer culpar alguém por qualquer coisa. Tudo o que ali for apurado, assim como na CPI da Telefonia, vai para o Ministério Público, órgão responsável pela comprovação das acusações, oferecimento da denúncia em juízo para abertura de eventual processo criminal contra os acusados.
Apesar da rígida fiscalização feita pelo governo, o inquérito do 3º DP deve começar a indiciar alguns personagens tidos como coadjuvantes da escuta ilegal. São pelo menos um ex-técnico de segurança e seu superior, que trabalhavam na Telepar Brasil Telecom. A suspeita é de que ambos saibam quem seria o mandante da escuta ilegal nos telefones do gabinete da ex-secretária de Administração Maria Elisa Paciornik. Seria um indício de esclarecimento do caso. No entanto, ainda longe de um final que Lerner quer afastar do Palácio Iguaçu.