Advogado que defende suspeitos no caso do grampo afirma que as escutas eram feitas com conhecimento do primeiro escalão e foram colocadas em diversas secretarias e em comitês políticos em época eleitoral. O depoimento é do advogado criminalista Peter Amaro de Sousa, que defende os dois policiais militares citados no inquérito que investiga o grampo feito no gabinete da ex-secretária de Estado da Administração Maria Elisa Paciornik.
Segundo ele, a escuta investigada não é um fato isolado no governo do Estado. Os grampos eram feitos em diversas secretarias e em comitês políticos eleitorais. "As escutas eram feitas por meios obscuros. Inclusive tinham escutas em comitês eleitorais. Isso eu já tenho comprovado, apenas não vou revelar agora por uma questão de estratégia", disse.
As escutas, segundo a versão de Souza, teriam sido feitas por Gilberto Maria Gonçalves, um ex-funcionário do Palácio Iguaçu, especialista em telefonia. Ele teria uma sala de telefonia no quarto andar do Palácio, onde teriam sido encontrados aparelhos de escuta e mapas do sistema de telefonia do Tribunal de Contas e do Tribunal de Justiça.
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Na última campanha eleitoral, Gonçalves teria sido convidado a se afastar do cargo e trabalhar no Comitê da Anita Garibaldi na campanha de reeleição do prefeito de Curitiba Cassio Taniguchi (PFL). "Ele não fazia isso sozinho. Fazia a mando de superiores", complementou o advogado.
Peter de Sousa não quis revelar os nomes dos supostos mandantes do grampo, mas fez insinuações envolvendo o primeiro escalão do governo. "Não admito injustiças. O coronel Luiz Antonio Borges Vieira é corrupto, irresponsável e arbitrário. O secretário Gerson Guelmann não irá conseguir dormir esta noite até segunda-feira", afirmou, prometendo apresentar provas sobre os mandantes do grampo na próxima semana.
O advogado disse que o deputado Angelo Vanhoni (PT) teria sido prejudicado pelas escutas telefônicas durante a campanha eleitoral, em outubro do ano passado. Vanhoni disputou a Prefeitura com Cassio Taniguchi. "Quero uma CPI do Grampo na Assembléia Legislativa", disse.
O grampo telefônico que originou toda a investigação realizada pelo 3º Distrito Policial foi descoberto pela própria secretária. Ela teria solicitado uma varredura nos telefones da secretaria e o grampo foi encontrado por especialistas. As investigações preliminares começaram a ser feitas em novembro de 1999 pela Promotoria de Investigações Criminais (PIC), mas a Polícia Civil só teve acesso às documentações em março deste ano.
O delegado Gerson Machado, que preside o inquérito, disse ontem que aguarda para o mais breve possível o depoimento do cabo Jordão para dar prosseguimento ao inquérito policial. Ele deverá ser indiciado. "O que eu quero é que os mandantes apareçam. Minha missão é identificar os culpados e encaminhar o inquérito para a Justiça", declarou ele, negando que esteja sofrendo qualquer tipo de pressão por parte do governo do Estado. "Tenho total liberdade para conduzir as investigações. O que mudaria para mim se o mandante é um secretário de Estado ou não?", questionou.
Leia mais em reportagem de Luciana Pombo, na Folha do Paraná/Folha de Londrina deste sábado