A decisão dos professores da rede pública estadual de cruzar os braços a partir de 15 de março movimentou nessa segunda-feira (13) a sessão plenária na Assembleia Legislativa (AL) do Paraná. No último sábado (11), em Maringá, a maioria da categoria presente optou por iniciar um "estado de greve", realizando uma série de mobilizações em preparação para a paralisação geral, que tem tanto um caráter nacional, de resistência principalmente ao descumprimento da lei do piso e à reforma na previdência, como estadual, com críticas à diminuição da hora-atividade.
Para o presidente da AL, Ademar Traiano (PSDB), os docentes e o movimento sindical precisam ter a compreensão de que o Brasil possui hoje 13 milhões de desempregados. "Eles (servidores públicos) estão recebendo religiosamente seu salário em dia. É só assistir à televisão e ver o que ocorre nos outros Estados. Esse é o momento de cada um dar o seu voto de confiança e acreditar que, muito mais importante que discutir possíveis reposições salariais ou manutenção de alguns benefícios, é a certeza do recebimento do seu salário", opinou.
O presidente da APP-Sindicato, Hermes Leão, que representa os professores, acompanhou as discussões da tribuna de honra. O primeiro e o segundo balcão estavam fechados, em reforma. "Queremos utilizar esse período (até 15 de março) para fazer debates com a comunidade e atos públicos que denunciem os prejuízos dessas medidas diversas adotadas", contou. No Paraná, a maior luta é pela revogação da Resolução 113/2017, publicada pelo governo Beto Richa (PSDB) e que trata da distribuição de aulas e funções nas escolas, "penalizando quem teve licença nos últimos anos".
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"Estamos insistindo com os professores para que convertam o sentimento de indignação e revolta em sentimento de luta. Manteremos as cabeças erguidas, pois não estamos devendo nada a ninguém", completou Leão. De acordo com o líder da oposição, Tadeu Veneri (PT), a decisão de iniciar uma greve em março é resultado da intransigência da administração tucana, que acirra cada vez mais os ânimos, ao invés de promover o diálogo. "O governo busca de todas as formas levar os professores para o confronto. A impressão que dá é que o governador quer arrumar um inimigo de qualquer jeito para justificar sua incompetência", disparou.
"É lamentável, muito triste, que a cada ano surja um pacote de decretos objetivando retirar direitos e criar problemas nas carreiras dos professores. Ninguém gosta de greve, porque custa suor, lágrima, sangue e sacrifícios. Mas o Beto Richa quer porque quer que a educação faça greve", disse o líder do PMDB, Nereu Moura. O presidente da Comissão de Educação da AL, Hussein Bakri (PSD), lamentou que os deputados do grupo não tenham sido chamados para as negociações entre a Casa Civil e a APP. "Essa Casa está sendo excluída das ações que estão sendo tomadas."
Já o líder da situação, Luiz Cláudio Romanelli (PSB), frisou que, por enquanto, não há uma greve propriamente dita. "Eu entendo que acabou prevalecendo o bom senso coletivo na assembleia da categoria; bom senso na medida em que se resolveu iniciar o ano letivo de forma regular e ficou uma data com distância aproximada de quase 40 dias para uma possibilidade de greve. E uma greve que é nacional. Penso que através do diálogo vai se encontrar soluções viáveis, que atendam ao interesse público."