O primeiro dia da abertura do 'data-room' - sala de dados com as informações sobre a Copel - teve ontem uma única consulta de um provável grupo interessado na compra da estatal paranaense de energia. O nome da empresa foi mantido em sigilo pelo governo e pelos advisers. A Secretaria da Fazenda informou apenas tratar-se de "um grande grupo estrangeiro". Algumas agências de notícias internacionais como a Bloomberg e o jornal 'Financial Times' informaram que a espanhola Endesa e a Eletricité de France agendaram a visita para os próximos dias.
Estão sendo esperadas também as participações, no data-room, das gigantes mundiais do setor de energia. Entre as que já teriam manifestado interesse estão as norte-americanas AES e Duke Energie, a espanhola Iberdrola, a canadense Hydro Quebec e a Eletricidade de Portugal.
A sala de dados fica aberta até cinco dias antes do leilão de privatização, previsto para ocorrer na última semana de outubro. As informações estão disponíveis das 8h30 até 19 horas, no prédio localizado na Rua Presidente Faria, 431, no Centro de Curitiba. O local é o mesmo que o governo do Estado utilizou para fazer o data-room do Banestado, no segundo semestre do ano passado.
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O acesso ao edifício está restrito a um pequeno grupo de 20 técnicos da Secretaria da Fazenda, advisers e aos possíveis compradores. São três salas com documentos colocados à disposição das empresas. Cada sala comporta até 30 pessoas. Todos têm acesso aos mesmos dados. Os advisers (Booz Allen & Hamilton e consórcio Diamente) também têm uma sala reservada. As duas consultorias ainda estão finalizando a modelagem e o preço de venda da Copel.
As empresas que tenham interesse em acessar detalhes sobre a contabilidade, dados financeiros, jurídicos e estrutura da Copel precisam pagar uma taxa de inscrição e depois comunicar o tipo de informação desejada. Em cinco dias, elas estão autorizadas a visitar a empresa, conhecer as usinas, acessar os números da companhia, conversar com diretores e técnicos.
Ao contrário do que temia o governo, não houve grandes manifestações nem tumulto em frente do prédio do data-room. Apenas dois sindicalistas do Sindicato dos Eletricitários seguraram cartazes escritos em inglês, português e alemão contra a privatização. "Não podia passar em branco. É um recado de que a Copel tem dono e não está a venda", disse o sindicalista Stanislaw Gramowski.
O presidente do Fórum Contra a Privatização da Copel, Nelton Friedrich, ressaltou que o silêncio de ontem não representa recuo do movimento. "Nossas ações voltam com força total em agosto", disse. O fórum quer centralizar esforços sobre os deputados estaduais. Eles querem convencê-los a revogar a lei que autorizou a venda.