O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse nesta quinta que fez um "cálculo pragmático" para não pedir a suspeição do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento do mensalão. Ao final do primeiro dia de sessão, Gurgel disse que o pedido iria atrasar ainda mais uma decisão final sobre o processo.
"Como eu disse, foi precisamente isso (o cálculo pragmático). Na medida em que eu fizesse essa arguição, nós teríamos de imediato a suspensão do julgamento. Dessa suspensão, poderia decorrer até, como eu bem disse, a inviabilização de que esse julgamento acontecesse num horizonte de tempo razoável", afirmou o procurador-geral, ao admitir logo em seguida que não fará qualquer pedido nesse sentido ao longo do julgamento da ação.
Ex-advogado do PT, amigo do ex-presidente Lula, ex-assessor da Casa Civil na gestão de José Dirceu, réu no mensalão, e namorado de uma advogada que defendeu réus do mesmo caso, Dias Toffoli já participou do julgamento na sessão desta quinta. O Grupo Estado havia antecipado que Toffoli não se declararia suspeito apesar de suas relações pessoais e que iria participar do julgamento do caso.
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Toffoli votou favoravelmente ao julgamento de todos os 38 réus do caso pelo STF. O advogado e ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, que representa o ex-dirigente do Banco Rural José Roberto Salgado, tentou sem sucesso manter no STF apenas a ação contra três deputados federais: João Paulo Cunha (PT-SP), Pedro Henry (PP-MT) e Valdemar Costa Neto (PR-SP).
Gurgel afirmou que a defesa dos réus "se esforça para protelar o julgamento" com os questionamentos preliminares antes da decisão final. Por causa das questões de ordem dos advogados, foi adiada desta quinta para sexta a sustentação oral que Gurgel faria em plenário. Mas o chefe do MP disse que vai trabalhar para evitar ações que possam adiar o julgamento. "Tenho certeza que o presidente (Ayres Britto) e a Corte terão a firmeza para levar adiante o julgamento com o menor atraso possível", destacou Gurgel.