O desmantelamento do diretório estadual do PSDB – decidido por unanimidade pela executiva nacional, na noite de anteontem – abriu as portas ao grupo do ex-governador José Richa e do presidente brasileiro da Itaipu Binacional, Euclides Scalco. A tendência é que a mudança de comando na sigla beneficie os políticos ligados ao governador Jaime Lerner (PFL). O nome do presidente da Assembléia Legislativa, deputado Hermas Brandão (PTB), foi levantado para assumir a comissão provisória que controlará o partido no Estado.
Com a dissolução, o deputado federal Luiz Carlos Hauly perdeu a presidência do partido. Ele ocupava o cargo desde o final de junho, quando o senador Alvaro Dias, seu aliado, renunciou. A direção estadual tentou chegar a um acordo com a cúpula nacional – na tentativa de manter Hauly no poder –, mas fracassou.
Nos corredores da Assembléia, ontem era dada como certa a filiação de Hermas no PSDB e a indicação dele como interventor. Na semana passada, ele esteve reunido com lideranças nacionais do PSDB em São Paulo. Teria ainda conversado com José Richa e Scalco (ligados ao presidente Fernando Henrique Cardoso e ao governo Lerner).
Hermas confirmou ter mantido conversações com lideranças nacionais do PSDB. Mas negou que esteja assumindo como interventor. "Eu não posso assumir o partido como interventor, porque nem ao menos estou filiado ao PSDB", despistou. Ele admitiu que poderá aderir ao ninho tucano. Mas só deve se pronunciar oficialmente sobre o assunto na semana que vem. "Sentaremos e avaliaremos a possibilidade de ingresso no partido", salientou.
Hermas já foi presidente do diretório regional do PSDB, quando o senador Roberto Requião (PMDB) era governador. "Já passei por tantos partidos que nem sei. Sou favorável à fidelidade partidária. Mas enquanto não há uma definição, mudamos de partido de acordo com as necessidades", disse. Oficialmente, Brandão diz que não pretende disputar o Senado ou o governo. Mesmo no PSDB, ele disse que buscará a reeleição na Assembléia. No entanto, existe a possibilidade de Hermas assumir interinamente a chefia do Palácio Iguaçu, caso Lerner e a vice, Emília Belinati (PTB), se afastem para cuidar de novos projetos políticos.
Entenda o caso
- Alvaro Dias e Osmar Dias assinam, no começo de maio, requerimento para criação da CPI da Corrupção que investigaria o governo de FHC.
- Executiva nacional, em retaliação, abre processo na Comissão de Ética do PSDB para expulsão de Alvaro e de Osmar do partido.
- No início de junho, o presidente nacional da sigla, deputado José Aníbal, anuncia afastamento dos irmãos Dias.
- Osmar se antecipa à expulsão e encaminha para Maringá pedido de desfiliação.
- Alvaro renuncia à presidência do PSDB no Paraná, para evitar ser expulso, e a executiva regional elege às pressas seu aliado, o deputado federal Luiz Carlos Hauly, como substituto.
- Alvaro negocia filiação em outro partido, mas articula com aliados para manter o controle do PSDB no Estado.
- Alvaro marca convenções municipais no Paraná.
- Deputado federal Basílio Villani encaminha, no começo de agosto, pedido de dissolução do diretório regional e pede suspensão das convenções municipais.
- Executiva nacional nomeia o deputado Sebastião Madeira (PSDB-MA) para ser relator do processo de dissolução.
- Sebastião Madeira abre prazo para defesa do executiva regional. Hauly encaminha defesa.
- Direção nacional tenta negociar permanência de Hauly na presidência estadual, mas não consegue. Dissolução é decidida na noite de terça-feira.