Durou menos de duas horas a liberação dos 17 mil exemplares de um jornal contendo ataques ao governador Jaime Lerner (PFL) e que seria distribuído no Estado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT). O material havia sido apreendido na quinta-feira em Curitiba pela Receita Estadual, sob a alegação de que não possuía nota fiscal.
Às 16 horas, o delegado Armando Marques Garcia, da Delegacia de Estelionato e Desvio de Cargas, liberou o jornal, que estava retido no prédio da delegacia desde a apreensão. Ele atendeu a um requerimento do advogado Rolf Koerner Júnior, defensor da jornalista Léa Okseanberg, responsável pela publicação.
Às 17h30, o juiz Renato Lopes de Paiva, da 16ª Vara Cível de Curitiba, concedeu uma liminar a pedido do advogado de Lerner, José Cid Campêlo, mandando reapreender a publicação. A ordem judicial foi cumprida no início da noite.
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O juiz aceitou a alegação de que o jornal é ofensivo à honra do governador. Anteontem, Lerner apresentou denúncia-crime por calúnia e injúria contra a jornalista. Previstos no Código Penal, os crimes prevêem pena de reclusão (seis meses a dois anos no caso de calúnia e de um a seis meses para injúria) e multa. O inquérito foi aberto pelo delegado Garcia.
Com quatro páginas coloridas, o jornal se intitula "órgão de divulgação do Fórum de Luta por Trabalho, Terra, Cidadania e Soberania do Paraná". Defende o impeachment do governador e aponta supostas ligações de Lerner, por exemplo, com o ex-secretário da Fazenda de Maringá, Luis Antonio Paolicchi (que está preso, acusado de comandar um esquema de desvio de recursos públicos), o prefeito cassado de Londrina Antonio Belinati e até com o banqueiro Salvatore Cacciola, foragido, acusado de se beneficiar de um socorro ilegal do Banco Central.
A liberação do jornal foi feita pelo delegado quando a jornalista e seu advogado - acompanhados de políticos de oposição e sindicalistas - foram à delegacia.