Em decisão proferida ontem, o juiz da 1ª Vara da Fazenda Pública, Marcos José Vieira, admitiu a tramitação da ação civil pública por improbidade administrativa contra o ex-vereador Pastor Gerson Araújo (PSDB), que foi prefeito tampão de Londrina entre setembro e dezembro de 2012, após a cassação de Barbosa Neto e a renúncia do vice Joaquim Ribeiro.
Pastor Gerson, que é candidato a vereador nestas eleições, é acusado, ao lado de seu ex-assessor Willian Polaquini de Godoy, de ter beneficiado a Construtora Iguaçu do Brasil e seu representante Carlos Alberto Campos de Oliveira, ao supostamente forçar os proprietários a venderem para a construtora área na Avenida Henrique Manzano (zona norte). A Iguaçu é a construtora acusada de dar calote em centenas de clientes.
Os fatos – que também são objeto de ação penal por crime de estelionato e falsidade ideológica que tramita na 2ª Vara Criminal de Londrina desde novembro do ano passado – teriam ocorrido justamente no curto período em que ocupou o cargo de prefeito e Godoy, seu assessor, era seu chefe de Gabinete. Conforme a Promotoria de Defesa do Patrimônio Público, que interpôs a ação em maio deste ano, o então chefe de gabinete do Pastor Gerson informou falsamente que a área seria desapropriada para a construção de uma Vila Olímpica e, por isso, seria avaliada por valor muito menor do que o de mercado. Assim, pressionados, os donos venderam a área à Iguaçu por R$ 26 milhões a serem pagos em 24 vezes. Porém, nunca receberam as parcelas.
Leia mais:
Gerson Guariente avalia que o Orçamento de 2025 será difícil de ser realizado por Tiago Amaral
Isenção de IR para quem ganha até R$ 5.000 só ocorrerá com condições fiscais, dizem Lira e Pacheco
Código de Posturas será debatido em audiência pública na Câmara de Londrina
Kassio rejeita notícia-crime de Boulos contra Tarcísio no TSE por fala sobre PCC
Para o juiz, ao receber a ação, "os indícios de autoria dos atos ímprobos imputados aos réus são claros". Ele também mencionou o requerimento confeccionado pelo gabinete de Gerson Araújo em fevereiro de 2013, quando ele já não era mais prefeito e, sim, vereador. "Note-se que esse documento ( ) veio a subsidiar a ação revisional proposta pela Construtora Iguaçu do Brasil em face dos [donos do terreno] com o objetivo de reduzir o preço avençado no contrato de promessa de compra e venda", escreveu o juiz. Para o MP, nunca foi a intenção de Gerson e de seu assessor levar requerimento ao prefeito, mas, apenas ajudar a Iguaçu do Brasil a levar vantagem sobre os vendedores da área.
Araújo não chegou a completar o mandato para o qual foi eleito em 2012. Ele foi cassado pela Justiça Eleitoral porque, em 2012, fez campanha para vereador enquanto acumulava o cargo de prefeito tampão.
Ontem, o advogado do Pastor Gerson não foi localizado. Em entrevistas anteriores e na defesa prévia apresentada ao processo por improbidade o ex-vereador nega qualquer ato ilícito. Os advogados dos outros acusados também não foram encontrados. Os réus têm prazo de 10 dias para apresentar contestação. Em seguida, deve ser marcada a audiência para ouvir testemunhas e acusados.