O governador Jaime Lerner (PFL) ganhou tempo para tornar palatável junto à Assembléia Legislativa a indicação do secretário da Chefia de Gabinete do Governador, Gerson Guelmann, para o cargo de conselheiro do Tribunal de Contas do Paraná. Na última segunda-feira, dia 20, o desembargador do Tribunal de Justiça, Roberto Pacheco Rocha, concedeu liminar suspendendo por tempo indeterminado o processo de preenchimento da vaga de conselheiro aberta, em junho deste ano, com a aposentadoria de João Féder.
Levando-se em conta a tramitação e a possibilidade de um pedido de vistas até o julgamento de mérito do mandado de segurança impetrado por um grupo de auditores e procuradores do TC, que também reclama a vaga, Lerner terá até fevereiro do ano que vem, aproximadamente, para viabilizar politicamente Guelmann, hoje o seu candidato favorito. O secretário é amigo pessoal do governador e não tem a simpatia da maioria da base aliada. Cabe aos deputados estaduais a homologação da indicação, caso o Poder Judiciário do Paraná confirme que a cadeira é do Poder Executivo.
Atualmente, a vaga de Féder está "sub judice". Governo e os auditores e procuradores do TC brigam pela cadeira. O governo alega que tem o direito de indicar o sétimo conselheiro do TC, já que o último empossado, o ex-secretário dos Transportes Heinz Herwig, foi incluído, por sua pressão, na cota do Poder Legislativo. Auditores e procuradores do TC afirmam que a Constituição reserva a eles pelo menos uma vaga. Ao governador conta como ponto favorável parte do despacho de Roberto Pacheco Rocha. Em determinado momento, o desembargador dá a entender que a vaga de Féder é mesmo do governo Lerner.
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Foi neste ponto que o governo bateu a sua tecla ontem. A assessoria do governador cuidou da divulgação do despacho do desembargador. No Palácio Iguaçu pelo menos uma coisa está certa: a vaga de Féder não é da Assembléia Legislativa, no entendimento do Poder Judiciário, o que diminue a concorrência desta vez. Na briga pela vaga de Heinz Herwig, por exemplo, o deputado estadual do PFL, Basílio Zanusso, por pouco não pôs a estratégia do governo a perder. A vitória de Heinz sobre Zanusso foi bastante apertada.
A vaga de Féder já foi oferecida, meses atrás, pelo próprio governador, ao ex-secretário da Fazenda Giovani Gionédis, na primeira tentativa de Lerner livrar-se do então todo-poderoso secretário. A recusa de Gionédis favoreceu Guelmann por tabela. Guelmann conta ainda com o apoio da comunidade judaica para ser o indicado.
Porém, o seu nome não é bem digerido na base que dá sustentação ao governo do Estado, principalmente porque o secretário da Chefia de Gabinete do Governador é tido como integrante da cota pessoal de Lerner no secretariado. Guelmann já comandou as campanhas do prefeito cassado de Londrina, Antônio Belinati (sem partido), do prefeito de Curitiba, Cassio Taniguchi (PFL) e do próprio governador, à reeleição, mas não tornou-se no desenrolar dos últimos anos uma figura popular como o ex-secretário dos Transportes Heinz Herwig. A acomodação de Guelmann, no TC, faz parte de uma estratégia de Lerner para tornar a sua equipe mais enxuta, visto que a indicação para o cargo de conselheiro pressupõe, em tese, a extinção da pasta especial hoje comandada por Guelmann.