Ao anunciar a reforma de seu secretariado, anteontem em Curitiba, o governador Jaime Lerner (PFL) passou a adotar um discurso mais popular e, para que isto seja possível, na prática, assegurou que iria "exigir cada vez mais unidade" em sua equipe. "A nossa visão de transformação a gente faz com vontade política; solidária e estratégica, numa equação de co-responsabilidade", discursou. Na sextra-feira Lerner anunciou a nomeação de seis novos secretários, a extinção de seis cargos do primeiro escalão (quatro secretários e dois assessores especiais) e a criação das coordenadorias de áreas (que vão fazer a interligação entre as secretarias e o Poder Executivo).
O governador garantiu que não haverá nenhuma "super-secretaria", e tratou de dissipar qualquer especulação em torno de uma eventual disputa por espaço entre o novo secretário da Comunicação, Rafael Greca, e o secretário-chefe da Casa Civil, Alceni Guerra. Os dois não escondem a pretensão de substituir Lerner a partir de 2002.
"Jamais admitiria a pré-candidatura de qualquer secretário. São nomes de visibilidade. Mas, até junho de 2002, não podemos especular", afirmou. Ainda na defesa de seu "novo governo", Lerner afirmou que sua "preocupação permanente" é o Paraná e que, por isso, não pensa na sucessão presidencial. "Na vida pública, exercendo bem o cargo que ocupamos, a gente se qualifica (para ser candidato a outros cargos)", desconversou.
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O governador disse que vai assumir a "obrigação" de visitar "todos os cantos" do Paraná. Daí a grande importância que deu à criação da secretaria de Integração Regional que, avisou Lerner, "terá a função administrativa e não política". O novo secretário é o médico veterinário Mário Edson Fischer. Especialista em administração pública, Fischer era o sub-chefe da Casa Civil.
Caberá a ele, principalmente, cumprir a determinação que o governador repetiu por diversas vezes anteontem - "levar o governo para mais perto da população". A pouco mais de dois anos do fim de sua segunda administração, o governador anunciou que vai percorrer o Estado "como qualquer cidadão". "É o momento do arremate da transformação. Vamos combater permanentemente o isolamento do poder, porque é no isolamento que se acentuam as falhas. Quando o poder se aproxima do povo, melhoram as suas qualidades", argumentou.
Lerner disse que a secretaria de Integração Regional foi criada para mostrar os "avanços" conquistados pelos paranaenses durante seus dois mandatos. "Até para que saibam que nosso governo fez obras." O secretário da Comunicação parece que já entendeu o recado. "O governo estadual tem um grande rendimento. Mas, por exemplo, muitas das obras realizadas pelo programa Parana Urbano são creditadas às prefeituras e não ao governo", destacou Rafael Greca.
Indefinições
O anúncio dos novos ocupantes das duas únicas secretarias que estão sem titulares - Educação e Transportes - pode estender-se além do prazo estimado por Lerner. O governador disse que definiria os dois novos secretários "o quanto antes", e que as indicações deveriam sair até a próxima terça-feira. Mas, amanhã, Lerner viaja para Foz do Iguaçu, participar de uma solenidade com o Presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). A viagem pode atrapalhar as reuniões e conversas com aliados para definir os últimos secretários da nova equipe do governador.