A presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Distrital de Brasília, deputada Celina Leão (PSD), entrega hoje ao Ministério Público e à Polícia Federal o áudio da gravação que ela fez com o lobista Daniel Almeida Tavares, que diz ter pago propina ao governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), em 2008, quando ele era diretor da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Os pagamentos, segundo Tavares, foram feitos quase sempre em espécie e pelo menos um lote de R$ 45 mil teria sido entregue na própria residência do governador, no subsolo, ao lado da biblioteca. O dinheiro seria parte de um suborno de R$ 50 mil para obtenção de licenças para o laboratório da União Química. Os restantes, R$ 5 mil, teriam sido pagos mediante transferência eletrônica, feita em 25 de janeiro de 2008, da conta corrente do lobista para a do governador.
Ouvido pelo jornal O Estado de S. Paulo, o governador admitiu que conhecia Tavares e respondeu, por e-mail que se recorda do depósito. Mas alega que "foi a devolução de uma quantia concedida em empréstimo à referida pessoa (Tavares), realizada de forma transparente". O governador informou que o empréstimo foi feito em espécie. "Não houve ''pagamentos feitos'' e o depósito é referente à devolução do valor emprestado em caráter pessoal, portanto, sem documento ou contrato", explicou Agnelo.
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Ele disse que conhecia Tavares em decorrência de uma amizade, de mais de 20 anos, com o empresário Fernando de Castro Marques, da União Química. "Uma amizade que vem desde a época em que Agnelo Queiroz era deputado federal", acrescentou, explicando que eles se aproximaram "na campanha em defesa da indústria farmacêutica nacional".
Tavares deveria depor ontem, por se sentir mal, adiou o depoimento à Comissão. Mas na conversa gravada pela a deputada, deu detalhes dos pagamentos feitos ao governador, "quase sempre em dinheiro vivo", como disse. Anexou também cópia do único depósito em conta corrente, no valor de R$ 5 mil, feito em janeiro de 2008, por transferência eletrônica no banco Santander.
Na época ele era lobista da União Química, que dependia do aval de Agnelo para obter licenciamentos de produtos na Anvisa. Espécie de "homem da mala", ele explicou que cabia a ele intermediar as negociações com dirigentes corruptos do órgão para conseguir o documento.