O ex-presidente do Banestado Manoel Garcia Cid, o Neco Garcia, depôs nesta segunda-feira na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga irregularidades no Banestado, e acusou Ricardo Khury de pressionar a liberação de operações lesivas ao banco. Ricardo é filho do deputado Aníbal Khury, morto em 1999.
Segundo Neco, por pressão de Ricardo Khury foi liberado um empréstimo de R$ 3 milhões para a Jabur Pneus.
Na composição da dívida, o banco aceitou o pagamento em pneus. ''Foi uma operação lesiva ao patrimônio do Banestado'', afirmou Neco.
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Khury rebateu as acusações com duras críticas. Ele disse que o empréstimo à Jabur Pneus foi feito no governo de Mário Pereira, período em que ele não era diretor do banco.
Mas ele confirma o acordo para receber a dívida em pneus. ''O Banestado foi o único banco que conseguiu receber da Jabur tudo o que tinha emprestado'', salienta.
Ele disse ainda que o acordo para pagamento em pneus foi registrado em cartório e fez parte de uma ação que envolveu vários diretores para tentar recuperar empréstimos perdidos.
Khury disse ainda que o responsável pela quebra do Banestado foi o próprio Neco.
''No discurso que ele fez quando assumiu ele disse que o Banestado estava quebrado e que os políticos do Paraná é que tinham quebrado o banco. Depois daquilo a gente não conseguia mais captar recursos'', disse o ex-diretor.
Khury disse ainda que Neco autorizou um empréstimo de US$ 6 milhões à Prefeitura de Maringá, no governo de Jairo Gianotto, sem a autorização do conselho.
A Folha tentou novo contato com Neco para comentar as acusações, mas ele não retornou aos recados deixados em sua casa.
O ex-presidente também denunciou a venda de ações da Copel.
Segundo ele, o governo do Estado vendeu na Bolsa de Nova York US$ 111 bilhões de ações da empresa, mas estes valores nunca apareceram claramente nos balanços do Estado.
Na cotação do dólar da época a venda teria rendido ao Paraná mais de R$ 2,5 bilhões.
Esta receita, de acordo com o ex-presidente, seria captada e aplicada pelo banco Itaú, que dois anos mais tarde compraria o Banestado.
Ele também afirmou que foi pessoalmente conversar com a diretoria da Copel para que esse dinheiro entrasse no caixa do Banco do Estado, mas só em torno de R$ 80 milhões tiveram esse destino.
O outro depoimento desta segunda-feira foi do ex-funcionário José Henrique Friederich.
Ele foi chefe da Mesa de Operações, divisão que subsidia tecnicamente os pareceres superiores.
Segundo ele, a mesa sabia de operações que lesavam o Estado. Ele disse que, juntamente com outros colegas, sofreu pressão de um dos ex-diretores para aprovar tecnicamente operações duvidosas, passando por cima do regimento dos comitês.
Friederich foi afastado de sua função em 1999. Temendo pela sua integridade física, ele só levou o fato a conhecimento do Ministério Público no ano seguinte.
Mas a denúncia não surtiu efeito porque, segundo ele, o MP alegava que o banco não disponibilizava os documentos necessários para que desse prosseguimento às apurações.