Ameaçado de ser processado pelo ministro do Esporte, Orlando Silva, o policial militar e ex-militante do PC do B, João Dias Ferreira, enviou uma mensagem ao ministro e ao seu ex-partido. Em duas mensagens colocadas em seu blog, Ferreira aconselha o partido a "ficar calado antes de sair em defesa de Orlando" e manda um recado diretamente ao ministro: "estou aguardando ansiosamente ser chamado para apresentar as verdades materializadas".
Às 7h57, Ferreira escreveu um texto diretamente ao ministro. Nele, diz compreender o direito defesa de Silva, mas diz aguardar "ansiosamente" ser chamado para relatar sua versão e ainda mostra intenção de dizer mais. "O que falei pra (sic) revista está devidamente gravado e será apresentado as autoridades competentes", diz a mensagem.
Ferreira ainda relata que foi procurado a mando de Silva pelo secretário nacional Ricardo Leiser. "E se tu não deves nada, porque mandou seu secretáario nacional Ricardo Leiser tentar me localizar na sexta-feira, quando soube da matéria, o que ele queria comigo? Fazer mais um daqueles acordos não cumpridos?". Prossegue dizendo não ser bandido e acusa o ministro e todos da sua equipe de refazer "qualquer processo do ministério de acordo com sua conveniência".
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Poucos minutos depois, às 08h05, em letras maiúsculas, Ferreira escreveu uma mensagem endereçada a todos os membros do partido. "SUGESTÃO: ERA BOM O PCDOB NACIONAL FICAR CALADO ANTES DE SAIR EM DEFESA DO ORLANDO SUMARIAMENTE."
Acusações. O ministro do Esporte, Orlando Silva, é apontado como principal beneficiário de um suposto esquema de desvio de dinheiro público por meio de convênios de sua pasta com Organizações Não Governamentais (ONGs) pelo policial militar João Dias Ferreira, investigado como um dos integrantes do grupo.
O Estado revelou, em uma série de reportagens publicadas em fevereiro deste ano, que o principal programa do ministério, o Segundo Tempo, se transformou em um instrumento financeiro do PCdoB, partido de Orlando Silva. Sem licitação, o ministro entregou o programa a entidades ligadas ao partido, cujos contratos com essas ONGs somaram R$ 30 milhões só em 2010.
Em entrevista à revista Veja, o policial militar e ex-militante do PCdoB, confirma o favorecimento do partido nos contratos e afirma que o ministro recebeu pessoalmente remessas de dinheiro do esquema. A entrega, segundo a reportagem, foi feita dentro da garagem do Ministério do Esporte por Célio Soares Pereira, que servia de motorista e mensageiro do grupo. À revista, Pereira afirmou que esteve pelo menos quatro vezes entregando dinheiro na garagem do ministério, além da ocasião em que repassou diretamente ao ministro "maços de notas de R$ 50 e R$ 100″ em uma caixa de papelão.
Ao circular a matéria, o ministro disse que procurou a presidente Dilma e que pediu ao ministro José Eduardo Cardozo a abertura de um inquérito na Polícia Federal .