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Ministro londrinense admite 'perplexidade' com protestos de junho

Agência Estado
24 jan 2014 às 18:17

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O secretário geral da presidência da República, ministro Gilberto Carvalho, admitiu que governo e movimentos sociais aliados ficaram "perplexos" com os protestos de junho do ano passado, quando milhares de pessoas foram às ruas pedir qualidade no serviço público e expressar contrariedade com a Copa do Mundo no Brasil. Ao mesmo tempo afirmou que a direita "inicialmente fez festa" por entender que as manifestações se configuravam como contrárias à administração federal.

As avaliações foram apresentadas à plateia de uma das atividades do Fórum Social Temático Crise Capitalista, Democracia, Justiça Social e Ambiental nesta sexta-feira, 24, em Porto Alegre, a conferência "Contra o Capital, Democracia Real", da qual também participaram, como palestrantes, o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT) e representantes de organizações não governamentais do Brasil, França, Marrocos e África do Sul.

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Para Carvalho, as políticas de distribuição de renda e estímulo ao consumo do governo federal não foram acompanhadas na mesma velocidade por um debate sobre um modelo de desenvolvimento diferenciado. Mas eram necessárias porque a população padecia sem acesso a produtos básicos, como geladeiras e equipamentos domésticos. "É evidente que, junto com melhor emprego e melhores salários vem a consciência de novos direitos", observou, para avaliar que, depois dessas conquistas, muitos brasileiros perceberam que têm direitos e passaram a reivindicá-los.

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Na perplexidade, Carvalho chegou a reconhecer que houve uma certa dor e incompreensão em algumas esferas do governo. "Houve quase que um sentimento de ingratidão, de dizer ''fizemos tanto por essa gente e agora eles se levantam contra nós''", recordou. O ministro destacou, no entanto, que o governo fez o esforço de compreender a realidade, de dialogar com a nova cultura que surgia, e respondeu com programas de melhorias da mobilidade urbana.

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"Não podemos ter medo, temos de romper barreiras, nos aproximar e conversar", afirmou, dando uma estocada em quem acredita ter feito festa à época. "O problema, para infelicidade da direita, é que esse gosto do mais e do mais não cabe na cartilha do sistema; a explosão dessa demanda de direitos não cabe no sistema capitalista e nos marcos daquilo que é hoje o mundo globalizado em seus sistemas de produção, distribuição e consumo", comentou.


''Rolezinhos''

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Gilberto Carvalho também confirmou que na reunião que terá com administradores de shopping centers na semana que vem pedirá compreensão com os jovens que participam dos "rolezinhos", encontros de grandes grupos dentro dos estabelecimentos comerciais. "Se abrirmos as portas para o diálogo não vai haver tanta tensão e também será possível transformar essas ocupações que já faziam rotineiramente em uma questão natural", previu.


Carvalho lembrou que o jovem da periferia é um novo consumidor, tanto que shopping centers se instalaram em bairros com a pretensão de conquistá-los, e que faz do encontro no centro comercial o mesmo que gerações passadas faziam nas praças das cidades. "Estamos caminhando para a naturalização desse processo", repetiu. "O pior caminho seria o da repressão, da discriminação, de separar áreas em que as pessoas podem e não podem transitar", comentou. "Isso acabou no Brasil, definitivamente acabou".


Mensalão

O secretário geral do governo Dilma também reclamou da imprensa e adversários políticos, que teriam "criminalizado" o PT na questão do mensalão e voltou a defender o financiamento público de campanhas eleitorais para acabar com a prática do caixa paralelo, que não citou. "Trataram de criminalizar toda a nossa conduta, nos transformando quase em inventores da corrupção, enquanto nós sabemos que o problema nosso foi reeditar, infelizmente, em parte aquilo que eram os usos e costumes da política. Falo sobretudo do financiamento privado das campanhas eleitorais", comentou em um trecho do discurso.


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