O ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, o londrinense Gilberto Carvalho, rompeu nesta quarta-feira o silêncio de dois dias do governo brasileiro sobre a renúncia do papa Bento XVI. Diante da expectativa, e para evitar um maior mal estar, Carvalho participou do lançamento da Campanha da Fraternidade 2013 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Logo nos primeiros minutos do discurso, apressou-se em dizer: "Não há problema na relação entre governo e Igreja. Pelo contrário", completou. Em suas palavras, o sentimento existente é de "gratidão".
Carvalho disse discordar da avaliação de que o País teria demorado em se manifestar sobre a renúncia de Bento XVI. "Não havia o que se falar. Foi uma atitude respeitosa", completou.
O silêncio, no entanto, para muitos foi interpretado como sinal de distanciamento entre governo brasileiro e Vaticano, um movimento que teria ganhado forma ainda durante a campanha presidencial, quando o papa teria recomendado que a Igreja não apoiasse candidatos que, de alguma forma, fossem favoráveis ao aborto.
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O ministro-chefe esmerou-se nesta quarta-feira em mostrar que o clima era outro. Ele mesmo muito próximo da Igreja, mostrou animação cantando o refrão da música da Campanha da Fraternidade, que tem como tema a juventude e o lema "Eis-me Aqui, envia-me."
Mesmo diante do clima amistoso, Carvalho procurou deixar clara a necessidade da independência Igreja e governo. Questionado sobre as expectativas de um cardeal brasileiro ser eleito papa, ele aproveitou para afirmar: "A Igreja não deve ser submissa ao governo, nem o governo à Igreja", completou.
O secretário geral da CNBB, Leonardo Steiner, por sua vez, afirmou que seria uma "honra" a indicação de um cardeal do País para chefiar a Igreja. "O Brasil tem chances", assegurou, sem querer arriscar qual dos cardeais estaria mais próximo do cargo.
Sempre muito cuidadoso e medindo as palavras, Gilberto Carvalho ressaltou que o governo brasileiro respeita a decisão do papa Bento XVI em renunciar ao cargo."Eu queria atestar em nome da presidente Dilma, a nossa posição frente a essa decisão de Bento XVI, que é acima de tudo uma posição de respeito, de reverência e de um desejo muito forte de que ele possa continuar contribuindo com a Igreja, no plano espiritual, nas orações e, enfim, na vida que ele está escolhendo", afirmou Carvalho, que fez questão de rebater que houve demora por parte do governo brasileiro em se manifestar e acrescentando que, assim como a presidente Dilma Rousseff, nenhuma liderança da América Latina se manifestou sobre a renúncia do papa. Para ele, "atitudes são mais importantes do que falas".