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Novo ministro da Justiça

'Moro me ajudou politicamente', afirma Bolsonaro

Roberta Pennafort
Agência Estado
02 nov 2018 às 15:57

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- Arquivo/Agência Brasil
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O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), definiu nesta quinta-feira (1º) o juiz Sérgio Moro como um "soldado que está indo à guerra sem medo de morrer" e afirmou que o magistrado terá mais poderes para combater a corrupção e o crime organizado no Ministério da Justiça do que teve até hoje à frente da 13ª Vara Federal Criminal em Curitiba. Em entrevista concedida em sua casa, no Rio de Janeiro, Bolsonaro se comparou a seu futuro ministro e disse que "cresceu politicamente" a partir de episódios como a Operação Lava Jato e o escândalo do mensalão.

"O trabalho dele foi muito bem feito. Em função do combate à corrupção e à Operação Lava Jato, as questões do mensalão, entre outras, me ajudaram a crescer, politicamente falando", disse o presidente eleito.

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Bolsonaro descartou a possibilidade de a Lava Jato ser enfraquecida com a saída de Moro de Curitiba, alegando que outros juízes vão assumir o trabalho que vinha sendo feito pelo futuro ministro. A magistrada substituta na 13ª Vara Federal de Curitiba, Gabriela Hardt, ficará à frente dos processos até que seja escolhido um novo juiz titular. O presidente eleito - que depois do atentado sofrido em setembro passado passou a contar com forte esquema de proteção em todos os seus deslocamentos - também comparou as restrições de segurança sofridas pelo magistrado às suas.

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"Temos de reconhecer o trabalho dele. É um homem que perdeu a liberdade de comprar um pão na padaria, de passear com a família no shopping. Costumo dizer que não só ele, como eu, temos menos direito do que alguém com uma tornozeleira, tendo em vista a questão da segurança."

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Na eventualidade de abertura de uma futura de vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente eleito disse que não teria problema em perder o ministro para nomeá-lo para o posto. Em 2020, ao completar 75 anos, o ministro Celso de Mello terá de se aposentar compulsoriamente. No ano seguinte, outra vaga se abrirá com a saída de Marco Aurélio Mello.
"Não ficou combinado, mas ele, tendo um bom sucessor, estamos abertos a isso (ida de Moro para o STF). A decisão dele é difícil, está abrindo mão da carreira, 22 anos de serviço, para enfrentar um desafio. Não tem compromisso de tempo. Para mim, ele fica ad eternum lá (no ministério)", afirmou ele.


Questionado se Moro seria um "xerife" de seu governo, respondeu: "Se você quiser dar esse nome para ele..." Na sequência, afirmou que não haverá interferências suas no caso de aliados que se envolvam em casos de corrupção. "Vai para o pau. Sem problema nenhum."

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Ao falar de críticas feitas por líderes do PT à indicação de Moro para novo o governo, disse que, "se estão reclamando, é porque fiz a coisa certa".


A exemplo de Paulo Guedes, que assumirá o novo Ministério da Economia (que vai consolidar as atribuições que eram antes da Fazenda, do Planejamento e da Indústria e Comércio), Moro vai assumir um superministério, com poderes ampliados. Entre outras mudanças já definidas por Bolsonaro, a pasta da Justiça terá agora a responsabilidade de cuidar também da Segurança Pública, à qual estão vinculados órgãos como a Polícia Federal, a Polícia Federal Rodoviária e a Secretaria Nacional de Segurança Pública.

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Questionado sobre a falta de experiência de Moro com assuntos relacionados à área de segurança, Bolsonaro respondeu que o juiz terá "ampla liberdade para escolher" nomes para cargos do ministério, como o do chefe da Polícia Federal. "Eu o vi como se fosse um jovem universitário recebendo seu diploma. Está com muita vontade de levar avante sua agenda."


Bolsonaro disse ainda que Moro, na condição de juiz, nunca aceitou pressões ao tomar decisões. "Botou (na prisão) gente que nunca poderíamos imaginar ser presa por dez minutos. Foi fundo com seu conhecimento, investigando e punindo, em primeira instância, sem aceitar pressão de quem quer que seja", disse o presidente eleito.

Uma vez aceito o convite para assumir o Ministério da Justiça, Moro deverá participar das reuniões de transição de governo, a partir da semana vem, em Brasília. Segundo Bolsonaro, o juiz vai se aposentar de forma proporcional e gozar de férias atrasadas.


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