O advogado Roberto Garcia Lopes Pagliuso afirmou que o Ministério Público Federal não conseguiu comprovar qualquer tipo de envolvimento do seu cliente, o ex-ministro dos Transportes Anderson Adauto, na instrução do processo do mensalão. Pagliuso disse que "nenhuma testemunha acrescentou absolutamente nada no que se refere a Anderson Adauto Pereira".
"O decreto de falência desta denúncia veio com as alegações finais", afirmou o advogado, classificando a manifestação, que pediu a condenação de Adauto por corrupção ativa e lavagem de dinheiro, como "melhor peça de defesa" do ex-ministro do governo Lula, atual prefeito de Uberaba pelo PMDB.
No mais rápido pronunciamento no Supremo Tribunal Federal (STF) entre as defesas, Pagliuso lembrou que o MP acusou Adauto de ter comprado apoio dos ex-deputados federais Romeu Queiroz (ex-PTB de Minas Gerais) e Roberto Jefferson, atual presidente do partido. A procuradoria, disse ele, acusou o ex-ministro, à época filiado ao extinto PL, de ter trabalhado para acabar com o rompimento político entre PT e PTB.
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"Essa suposição não está demonstrada em lugar nenhum", rebateu o defensor. "Não houve nenhuma intervenção de Anderson Adauto para recompor a relação desses partidos", completou, ao ressaltar que o ex-ministro não tinha trânsito na cúpula das duas legendas.
Segundo Pagliuso, Adauto não teve qualquer contato com Jefferson. O advogado disse que o ex-ministro tinha ligação com Romeu Queiroz. O colega parlamentar, de acordo com a defesa, procurou Adauto com um pedido para "fechar as contas de campanha". O ex-ministro disse apenas para procurar o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, como ele fez. Ou seja, para a defesa, a conversa entre os dois foi apenas um aconselhamento e não uma compra de apoio político.
O MP acusa Adauto de ter recebido R$ 950 mil. A defesa só admite ter recebido R$ 410 mil para quitar dívidas da campanha de Adauto, como despesas com combustível e trio elétrico. O dinheiro, disse o advogado, foi sacado pelo ex-chefe de gabinete José Luiz Alves e pelo irmão do ex-ministro no esquema montado pelo publicitário Marcos Valério. "Não havia nenhum motivo para desconfiar daquela origem do recurso", afirmou. "Para se caracterizar a lavagem de dinheiro, é preciso mais: não basta uma dúvida, ele tem que ter ciência da origem ilícita", ressaltou.