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Manifestação nacional

Não há clima para impeachment, afirmam analistas políticos

Loriane Comeli - Equipe Folha
16 ago 2015 às 08:29

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- Anderson Coelho/Arquivo Folha
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A presidente Dilma Rousseff (PT) vai enfrentar hoje mais um protesto contra seu governo: é o terceiro ato público em nível nacional pedindo o impeachment da chefe do Executivo nestes oito meses do segundo mandato. Em Londrina, os organizadores do Fora Dilma, por meio das redes sociais, esperam adesão superior à registrada em 15 de março, quando mais de 40 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, foram às ruas pedir o fim do mandato da presidente. Em abril, a manifestação reuniu cerca de 5 mil na cidade.

O professor de Filosofia da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Elve Miguel Cenci, avalia que os manifestantes não formam um grupo homogêneo. Há três vertentes. A primeira é formada por pessoas realmente descontentes com a crise econômica e política e com as denúncias de corrupção investigadas pela Lava Jato que protestariam independentemente de quem estivesse no poder.

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A segunda integra os antipetistas – pessoas que não se conformam com a derrota do PSDB no ano passado e querem o PT fora a qualquer custo. "É um movimento semelhante ao que o PT fez quando o ex-presidente Fernando Henrique (Cardoso) foi reeleito. Imediatamente lançaram o "Fora FHC", avaliou Cenci, ressaltando que ambos têm espaço na democracia.

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A preocupação do professor, no entanto, recai sobre um terceiro grupo, com viés autoritário. "É um grupo com um discurso antidemocrático, autoritário, contra os direitos humanos, que defende a ruptura da ordem institucional, a intervenção militar,", comentou Cenci. "São, na maioria, jovens, que não medem as consequências desse tipo de bandeira." Lembrou que nas redes sociais um dos grupos de Londrina tem apoio de políticos como o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) e o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO).

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PEDIDO VAGO


Quanto ao pedido dos manifestantes, o professor Luiz Domingos Costa, pesquisador do Observatório de Elites Políticas e Sociais do Brasil da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o considera vago porque não está claro "o que querem colocar no lugar". "A ideia de impeachment se torna uma espécie de panfleto um pouco vazio."

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Tanto Cenci quanto Costa consideram – a exemplo de outros especialistas já ouvidos pela FOLHA – que não há fundamentação para a cassação do mandato da presidente. "Não há fato concreto nem do ponto de vista jurídico e, mais recentemente, também não o há do ponto de visa político", disse Costa, lembrando que nessa semana Dilma aproximou-se do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), arrefecendo o conflito com o Congresso. "Rumávamos para a absoluta instabilidade, mas houve mudanças políticas", avaliou Cenci.


Costa não acredita que o pedido de impeachment será atendido. Não há clima para isso. Ele anota que apenas parte da população quer a cassação – outra parte ainda acredita no resultado das urnas – e um processo de perda de cargo depende necessariamente de vontade da classe política. "Acho que a classe política não está fechada no impeachment; ainda acredita numa solução mais rotineira para a crise", afirmou, citando as apurações dos fatos pelas instituições competentes, como no caso das investigações da Lava Jato.

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PSDB


Para o professor da Filosofia da UEL, o diferencial neste novo protesto é o franco apoio ao impeachment por uma ala do PSDB – a ala sob influência do senador Aécio Neves, o candidato tucano derrotado por Dilma em outubro passado, que esperaria ser eleito em um pleito extraordinário.

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Cenci registra que há dois outros grupos no ninho tucano com interesses antagônicos: o liderado por José Serra, que, em caso de impeachment ou renúncia da presidente, esperaria ser agraciado com um cargo de ministro e se tornar o "homem forte" do governo de Michel Temer (PMDB) e, assim, se firmar como presidenciável para 2018.


Já a ala comandada pelo governador Geraldo Alckmin prefere aguardar o final do mandato petista. Assim, em quatro anos, acumularia vantagem política para disputar a Presidência da República. Nesta terceira ala estaria militando o governador do Paraná, Beto Richa, que já declarou publicamente não ser favorável à cassação. "Mas, também existe o medo porque sua situação política não é nada conveniente."

SERVIÇO: Em Londrina, a manifestação – organizada pelos movimentos Viva Londrina, Marcha Londrina e Brasil Livre Londrina – está marcada para as 15 horas, com saída da frente do Colégio Estadual Vicente Rijo, no cruzamento das avenidas Higienópolis e Juscelino Kubitschek. Seguirá pela Higienópolis até o Calçadão da Avenida Paraná e será encerrado na Praça da Bandeira. Polícia Militar e agentes da Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) devem acompanhar o ato.


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