A ex-presidente Dilma Rousseff afirmou na noite desta sexta-feira, 27, que o "golpe ainda não acabou". "O segundo golpe que esse País pode sofrer é que impeçam Lula de ser candidato (em 2018)", disse a petista durante a abertura do 2º Encontro Nacional de Mulheres Eleitas pelo PT, em Brasília. Dilma participou de uma mesa redonda sobre o papel da mulher na política.
Para Dilma, há apenas duas hipóteses que fariam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não disputar as próximas eleições: uma seria não haver eleição direta e a outra seria a condenação na Justiça. "Seja por que método for, nós, mulheres, temos que nos preparar. O golpe ainda não acabou", afirmou a ex-presidente. Ela lembrou que Lula liderou as intenções de voto em todos os cenários na última pesquisa CNT/MDA.
A ex-presidente disse ainda que a Operação Lava Jato é uma "operação excepcional" e, por conta disso, alguns consideram que possui "regras excepcionais", que muitas vezes vão contra a Constituição. "Usam justiça do inimigo para cima do Lula. Ao invés de ser julgado, ele é considerado inimigo, então tem que ser destruído", declarou. Lula é réu em cinco inquéritos na Justiça, três deles no âmbito da Operação Lava Jato.
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Dilma foi ovacionada pela plateia, formada por prefeitas, vice-prefeitas e vereadoras eleitas pelo partido em 2016. Ela também fez duras críticas ao governo do presidente Michel Temer. "Temos que olhar e tentar impedir retrocessos", pediu às correligionárias. A petista, que discursou durante cerca de 45 minutos, criticou as principais reformas do governo, como a previdenciária e trabalhista, ambas em tramitação no Congresso.
Ela também criticou a aprovação da Proposta de Emenda Constituição (PEC) que estabelece um limite para os gastos públicos, no ano passado. Segundo Dilma, congelar os gastos públicos por vinte anos é uma medida "eminentemente neoliberal que faz o absurdo do ponto de vista democrático, pois fere o direito fundamental do direito ao voto direto para a eleição presidencial".
"Se eu tiro das pessoas o direito de decidir onde vão achar que deve ser gasto o dinheiro por cinco eleições presidenciais, eu tiro o sentido de uma eleição (...) Em uma eleição a gente escolhe aquilo que achamos que deve ser prioridade do gasto. Se, em uma tacada só, acaba-se com cinco eleições, não é só um ataque do neoliberalismo, é um ataque que leva à redução dos processos democráticos", discursou.
Dilma avaliou que "a razão profunda do impeachment é enquadrar o País econômica, social e geopoliticamente". Ela considera que o seu pedido de afastamento foi uma reação dos neoliberais às políticas sociais que vinham sendo implantadas pelo governo petista nos últimos 13 anos. "O golpe tinha por objetivo desregular tudo, deixar o mercado mandar em tudo e tirar os pobres de dentro do orçamento, daí a emenda da PEC do teto de gastos."
Para combater o que classificou como retrocessos do governo atual, Dilma disse que a "única grande arma é a democracia". "Nós estamos diante de um processo onde não tem como fazer acordo por cima hoje no Brasil. É necessário acordo por baixo, a eleição", continuou. Ela afirmou que o governo petista "não fez tudo", mas "mostrou que é possível fazer, mostrou um caminho" para combater a desigualdade social.
Na mesa redonda, também estavam a ex-ministra Eleonora Menicucci, a líder do PT no Senado, Gleisi Hoffmann (PR), e as deputadas Maria do Rosário (RS) e Benedita da Silva (RJ). Na plateia, estava presente outra ex-ministra de Dilma, Tereza Campello. No início do discurso, Dilma elogiou as participantes, que chamou de "excepcionais". Ela disse que tem "orgulho" da participação das mulheres no combate ao impeachment.
"Eu quero dizer que as mulheres não só tiveram papel de vanguarda, mas foram e constituíram a grande parcela que teve posição clara, firme e massiva em muitos dos atos que tiveram em todo Brasil (contra o impeachment). Eu agradeço o acolhimento", declarou. Ela disse que com a participação das mulheres em seu governo ficou "evidenciado que as mulheres podem exercer os mais diferentes cargos".