Dois dos três ônibus da caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela região Sul foram alvejados com tiros nesta terça-feira (27), na estrada entre Quedas do Iguaçu e Laranjeiras do Sul, no Paraná. Os disparos foram relatados por integrantes da caravana do petista. Ninguém ficou ferido. O ônibus em que estava o ex-presidente Lula não foi atingido.
Um dos veículos levou três tiros. Um dos disparos perfurou a lataria e outros atingiram um dos vidros do automóvel. O ônibus carregava jornalistas de blogs e sites independentes alinhados ao PT, que fazem a comunicação da caravana, e repórteres estrangeiros. Ao menos um argentino e um alemão estavam a bordo.
Dois pneus do veículo que conduzia os jornalistas foram atingidos por "miguelitos" - objetos pontiagudos usados para bloquear vias. O outro ônibus, que levou só um tiro, estava com convidados da caravana. O ex-presidente publicou duas fotos com os ônibus alvejados. "Se eles acham que fazendo isso vão nos assustar, estão enganados. Vai nos motivar. Não podemos permitir que depois do nazismo esses grupos fascistas possam fazer o quiser", escreveu Lula nas redes sociais.
Leia mais:
Casa de autor de atentado em Brasília é incendiada em SC; ex-companheira é a suspeita
TCE barra programa de terceirização das escolas de Ratinho Junior
Janja chama autor de atentado em Brasília de 'bestão' e xinga Elon Musk no G20 Social
Lula defende 'pilar social' e jornada de trabalho equilibrada no G20
Barulho na lataria
Segundo relato da jornalista Eleonora de Lucena, do site Tutaméia, cinco minutos depois de sair de Quedas do Iguaçu rumo a Laranjeiras do Sul, os ocupantes do ônibus ouviram um barulho na lataria, mas pensaram que se tratava de uma pedra. Alguns quilômetros adiante, quando já estavam próximo ao trevo para Laranjeiras do Sul, o motorista de um dos ônibus percebeu uma redução na velocidade e achou que poderia ser um pneu furado. E foi então que eles desceram dos ônibus e viram as marcas de tiro e encontraram os "miguelitos".
A presidente nacional do PT, a senadora Gleisi Hoffmann, classificou o episódio como uma emboscada. Ela cobrou um posicionamento das autoridades federais e do estado do Paraná a respeito do episódio. "Vamos deixar a política se transformar nisso? Vai virar bang-bang partidário?", disse a senadora. Isso não é manifestação pacífica e democrática. Isso não é disputa política. É atentado, é ódio", completou.
O deputado federal Paulo Pimenta, líder do PT na Câmara, disse ter telefonado para o ministro da defesa Raul Jungmann para cobrar providências. Segundo ele, Jungmann foi alertado desde o início da caravana, dos primeiros episódios de violência, sobre os riscos, assim como as autoridades dos três Estados por onde a caravana passou.
Os petistas acusam as autoridades da área de segurança, tanto federais como estaduais, de omissão em relação aos atos de violência contra a caravana registrados ao longo destes oito dias. Eles estão indo agora registrar BO e pedir uma perícia nos ônibus. O coordenador da caravana, Márcio Macedo, um dos vice-presidentes do PT, atribuiu à autoria a grupos de apoiadores do deputado Jair Bolsonaro e caracterizou esses grupos como milícias armadas.
Homens armados foram flagrados em outras manifestações violentas contra a passagem da caravana pela região Sul. O ato programado para quarta-feira (28), em Curitiba, que marcará o encerramento da caravana, está mantido, apesar dos incidentes.