Deputados da bancada de oposição na Assembléia Legislativa criticaram ontem a forma como são escolhidos os chefes de núcleos regionais de ensino no Paraná. Há anos, os cargos são preenchidos por apadrinhamento político de deputados da base de sustentação ao governador. Segundo os oposicionistas, a prática serve como curral eleitoral e ressuscita o coronelismo, além de servir como instrumento de poder e barganha dos deputados que têm o "mando" nas regiões.
Para o deputado Irineu Colombo (PT) -que foi presidente da Comissão de Educação da Assembléia durante quatro anos- a secretária Alcyone Saliba não deveria permitir esse sistema. Em entrevista à Folha, Saliba disse que não vê problemas na intromissão do Legislativo porque os indicados preenchem critérios políticos, pedagógicos e gerenciais. "Isso demonstra a inabilidade da atual secretária. Ela tem que sair", atacou o petista.
Colombo defende que a escolha seja feita pelos professores. No Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul, são colocadas urnas nas escolas. Os professores votam uma lista tríplice e as secretarias de Educação escolhem o chefe. Colombo frisou que os núcleos são unidades estratégicas no sistema educacional.
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José Maria Ferreira (PSDB), membro da Comissão de Educação, fez coro às críticas do petista. Disse que o apadrinhamento político prejudica a educação porque os chefes não estariam comprometidos com a educação e sim com a política ditada pelo governo. "Os núcleos acabam ajudando na preparação para as eleições." O líder dos partidos de oposição, Waldyr Pugliesi (PMDB), condenou o que considera uma "intromissão indevida de deputados" e afirmou que o apadrinhamento é "uma velharia dentro da política brasileira".
Orlando Pessuti (PMDB) ponderou que existem pontos positivos e negativos, visto que os escolhidos atendem aos requisitos cobrados pela pasta, mas admitiu que as indicações mais políticas do que técnicas podem gerar problemas.
O vice-líder do governo, Ademar Traiano (PTB), defendeu a prática. Para ele, os oposicionistas estão com inveja porque não podem indicar. "E quando eles eram governo tenho certeza que indicavam também", provocou Traiano. Ele considera "justo" que os deputados aliados tenham poder para escolher as chefias de núcleos.
O chefe da Casa Civil, Alceni Guerra, disse que concorda com a secretária de Educação. "Ela está correta ao exigir a fusão dos critérios técnicos, pedagógicos e políticos".