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Crítica a Moro

Para deputado petista, País vive 'tempos estranhos' onde juízes são celebridades

Agência Estado
04 ago 2016 às 12:23

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Em indireta ao juiz federal Sérgio Moro, que conduz as investigações da Operação Lava Jato na primeira instância, o deputado federal Wadih Damous (PT-RJ) afirmou nesta quinta-feira, 4, que o Brasil vive "tempos estranhos", em que juízes e procuradores são celebridades. A declaração foi feita diante da presença do magistrado, durante audiência em comissão que debate medidas de corrupção na Câmara.

"Vivemos tempos pós-modernos, pós-democráticos. Tempos em que o sistema de Justiça aqui no Brasil ganhou protagonismo que considero indevido e autoritário. Tempo de juízes celebridade, de procuradores celebridades, e acho que isso é um cenário novo", disse o petista. "Sou do tempo em que juiz só falava nos autos do processo, que juiz não se pronunciava sobre seus casos", emendou.

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Damous criticou alguns trechos do projeto com medidas de combate à corrupção que está sendo analisado pela comissão especial. Para ele, o fato de as medidas terem sido subscritas por 12 procuradores "não me comove". Ele disse conhecer outros procuradores e juízes que se opõem a muitos aspectos do projeto. "Não reconheço em ninguém as características de oráculo e de divindade", disse.

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Moro rebateu os comentários de Damous e disse que o pacote é uma iniciativa do MPF e que não é apresentado com nenhuma "pretensão salvacionista". "O MPF não é profeta, muito menos eu. O pacote é apresentado como uma medida que, se aprovada, vai representar um avanço para o País. E é importante que o Congresso nos auxilie", disse o magistrado. Moro disse que é possível trabalhar com a legislação vigente, mas que se houver uma legislação nova seria muito melhor. "Os problemas prosseguirão, mas com uma melhora na constituição, isso facilita o trabalho no combate aos casos mais concretos", declarou.

O juiz comentou o apoio popular ao pacote de dez medidas do MPF e relembrou que a ação popular reuniu mais de 2 milhões de assinaturas. "Isso não é algo trivial. A sociedade saiu às ruas, de diversas correntes, mas nenhuma delas saiu defendendo a corrupção, então acho que o mais importante é essa questão", comentou. "Eu falo com toda a humildade, não falo com intenção de impor nada, mas acho que é importante o parlamento mostrar que está do lado da sociedade, que não suporta mais o quadro de corrupção sistêmica, e iniciar um ciclo virtuoso, mostrando aos procuradores que atuam mais diretamente nesses casos de que se tem o apoio institucional."


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