A maioria dos vereadores de Londrina começa o último ano da atual legislatura com a expectativa de conquistar um novo mandato a partir de 2017. Para isso, apostam no clima de "normalidade", diferente, até aqui, de períodos anteriores, marcados por prisões de parlamentares e corrupção. E apesar do ano eleitoral acirrar os interesses pelos holofotes, o presidente Fabio Testa (PPS) disse à reportagem que os "vereadores saberão lidar com as pressões".
Apenas Sandra Graça (SDD), que vem de duas reeleições, já descartou a nova candidatura, enquanto que outro veterano, Roberto Kanashiro (PSDB), diz estar "avaliando a possibilidade". Os demais já se declaram pré-candidatos à reeleição.
Em outubro será realizada a primeira eleição sob as novas regras definidas pela minirreforma aprovada pelo Congresso Nacional no ano passado. Entre as novidades estão a redução do período de campanha e a criação da chamada janela para que políticos no exercício do cargo mudem de partido sem o risco de punição pela lei da infidelidade partidária. Nesse contexto, não está descartada uma nova configuração de legendas na Câmara de Londrina até o começo do mês de abril, quando o candidato deverá, obrigatoriamente, estar filiado à sigla pela qual vai disputar.
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Considerando o histórico de renovação no Legislativo londrinense, o grupo que deseja manter-se na cadeira vai ter que contrariar a escrita das últimas disputas eleitorais na cidade. Nos anos de 2008 e de 2012, o percentual de mudança na Câmara foi significativo: 70% e 64%, respectivamente. A maior rejeição ocorreu no fechamento do período de 2005 a 2008, que ficou marcado pela investigação do Ministério Público (MP) do Paraná, conhecido como escândalo do "mensalinho", quando houve denúncias de que parlamentares recebiam propina para aprovar projetos. Um dos pivôs daquele período, vereador Orlando Bonilha, chegou a dizer que não era a "única batata podre" na Câmara.
Daquele grupo, permaneceram como vereadores Kanashiro, Sandra, Marcelo Belinati (PP), Paulo Arildo (PSDB), Roberto Fu (PDT) e Pastor Renato Lemes (PRB), morto em 2012. Mais tarde, nas eleições que formaram a atual legislatura, conseguiram a reeleição Kanashiro, Sandra, Lenir de Assis (PT), Roberto Fú (PDT), Professor Rony Alves (PTB), José Roque Neto (PR) e Gérson Araújo (PSDB), que teve o mandato cassado pela Justiça Eleitoral, no ano passado. Para manter o cargo, eles sobreviveram a outro período conturbado, com prisões de vereadores, culminando com a cassação do ex-prefeito Barbosa Neto (PDT).
Para o analista político e professor de Filosofia da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Elve Cenci, o clima de "normalidade" da atual legislatura e as novas regras para a campanha, com menos tempo de propaganda no rádio e na TV, favorecem quem está no cargo e busca a reeleição. "O Legislativo que está aí não fez grandes coisas, não teve grandes projetos, mas não está marcado por escândalos que pudessem macular a imagem da Casa", avaliou. Segundo Cenci, "houve avanços e um bom canal de diálogo entre as instituições (Câmara e Prefeitura)".
O analista lembra que os quatro anos de mandato a disputa em um eleitorado grande, como Londrina, com mais de 330 mil votos, dificulta a situação dos menos conhecidos. "A maior parte dos que estão no cargo fizeram de 3 a 4 mil votos, o que é bastante para alguém que vai se lançar na disputa".