O escândalo do presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) e do ministro da Previdência Garibaldi Alves, que usaram aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) para ir até o Rio de Janeiro assistir a final da Copa das Confederações fez com que o comando da Aeronáutica passasse a divulgar o roteiro de todos os voos feitos por autoridades com consulta pública na internet.
Passado um mês da adoção da medida, a reportagem faz um levantamento do número de vezes que autoridades do Paraná usaram a prerrogativa do decreto presidencial para voar pelo país, seja a serviço ou apenas para voltar para casa, o que também é permitido pela FAB.
O deputado federal André Vargas (PT) fez nove voos com jatos da Força Aérea entre os dias 31 de julho e 4 de agosto, época em que ocupava a presidência da Câmara dos Deputados.
Leia mais:
Deputados paranaenses confirmam emendas para o Teatro Municipal de Londrina
Bolsonaro é plano A, posso ser o plano B, diz Eduardo sobre eleição de 2026
Comissão de Constituição e Justiça aprova projeto que transforma Detran em autarquia
Plano de precatórios garante economia milionária para Londrina
Quatro voos foram feitos no dia 31, quando Vargas passou pelas capitais Curitiba, Salvador e Belo Horizonte para defender junto aos governadores a criação dos Tribunais Regionais Federais nos três estados, proposta que vai contra o posicionamento do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, e do presidente do Senado, Renan Calheiros.
Vargas decolou do aeroporto Governador José Richa em Londrina às 7h25 com destino a Curitiba. Às 11h20, deixou a capital paranaense rumo a Salvador. Após ficar pouco mais de duas horas na capital baiana, foi para Belo Horizonte. Às 22h20, o então presidente em exercício da Câmara pousou em Brasília. Em todos os voos, ele estava com mais três passageiros. Alegando questões estratégicas, a FAB não informa quem são os acompanhantes, nem o custo das viagens.
No dia seguinte, uma quinta-feira, André Vargas deixou a capital federal por volta das 19h, fez uma escala em Congonhas (São Paulo) para deixar o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e desembarcou em Londrina às 22h25, onde tem residência. Cinco pessoas estavam na aeronave.
No sábado, 3 de agosto, o petista partiu rumo a Cascavel pela manhã, onde assinou a declaração de interesse para um acordo de cooperação da Câmara dos Deputados com a Câmara de Vereadores para implantação da Rede Legislativa de TV Digital no município. Ele retornou a Londrina às 16h15, trazendo mais seis pessoas. Na noite de domingo (4), o deputado voltou a Brasília com o mesmo número de acompanhantes.
Ministros:
A ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, utilizou os jatos da FAB em seis oportunidades. Gleisi fez sempre o mesmo trajeto, partindo de Brasília aos sábados para Curitiba, onde tem residência, e retornando no dia seguinte. Em duas oportunidades, o retorno teve mais passageiros do que a ida.
Em 20 de julho, a ministra saiu de Brasília às 10h40 com mais uma pessoa. No dia seguinte, retornou à capital federal com mais três passageiros. Já no dia 3 de agosto embarcou para Curitiba com mais uma pessoa, tendo retornado com outras duas.
Já o ministro Paulo Bernardo usou o avião da FAB em apenas uma oportunidade para retornar a Curitiba, onde tem residência. Na noite de 27 de julho, um sábado, deixou Brasília rumo a capital paranaense às 22h com mais dois passageiros. Os outros quatro voos feitos pelo ministro foram a serviço. Em Porto Velho (RO), Bernardo participou da assinatura do projeto "Infovia Rondônia", que prevê otimização dos serviços de internet no estado. A outra viagem foi para Lima, no Peru, onde participou da reunião da União das Nações Sul-Americanas (Unasul).
A relação completa dos voos feitos por autoridades está disponível no site da FAB (http://www.fab.mil.br/acessoainformacao), na opção "registro de voos".