Os procuradores paranaenses querem que o procurador-geral do Estado, Joel Coimbra, seja demitido do cargo pelo governador Jaime Lerner (PFL) e substituído por um funcionário de carreira. A Associação dos Procuradores do Estado do Paraná (Apep) decidiu, em assembléia realizada pela manhã, manifestar repúdio à conduta do procurador-geral, por causa das denúncias de improbidade administrativa que pesam contra ele.
A entidade se refere à nomeação de uma funcionária, Flávia Cerneiro Pereira, para ocupar simultaneamente cargo em comissão na Prefeitura de Maringá e cargo em comissão no governo de Estado, vinculada à Procuradoria Geral do Estado (PGE).
Na nota oficial redigida pela entidade, os procuradores afirmam que "tais fatos, além de ilegais e imorais, têm sido sistematicamente contestados em juízo e em procedimentos administrativos pelos procuradores de carreira". O documento diz ainda que a classe repudia a conduta de Coimbra "que não é e nunca foi integrante da carreira."
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A associação resolveu se manifestar depois de tomar conhecimento de uma crise dentro da PGE. Os funcionários José Anacleto Abduch Santos (diretor-geral da PGE) e Pedro Bispo (chefe de gabinete) pediram demissão no início deste mês, pouco antes da viagem do governador para os Estados Unidos. Para evitar que a questão se agravasse, os secretários teriam pedido para que eles permanecessem nos cargos até a volta do governador. Lerner ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso.
Fontes do governo do Estado já davam como certa a demissão de Coimbra do cargo. De acordo com estas fontes, os dois funcionários estariam insatisfeitos com a postura do procurador-geral, que teria designado a funcionária Flávia Pereira para dois cargos paralelos durante o período em que era deputado estadual (1995-99). A gota d'água teria sido a descoberta de que a funcionária continuava exercendo dois cargos (um no Estado e outro na Prefeitura de Maringá). Ela teria sido exonerada do cargo no Estado na semana retrasada.
O secretário-chefe da Casa Civil, Alceni Guerra, disse que o governador não cogita a possibilidade de exonerar Joel Coimbra. Segundo Guerra, Lerner está satisfeito com os trabalhos do procurador-geral. "Os procuradores não têm que querer nada. O governador é quem decide quem fica na PGE", resumiu o secretário. Coimbra está à frente da PGE desde 1999. A nomeação para o cargo é de competência exclusiva do chefe do Executivo.
A presidente da Associação dos Procuradores do Estado do Paraná, Rosângela Alves, foi procurada pela Folha, mas preferiu não dar entrevista. Disse apenas que a nota oficial reflete a decisão dos procuradores.