Após o desgaste provocado com o lançamento de medidas impopulares, o anúncio de um Ministério com nomes contestados pelos movimentos sociais e o surgimento de manifestações pró-impeachment, o PT pretende mobilizar pelo menos 30 mil pessoas para encher a Esplanada dos Ministérios e tornar a posse da presidente Dilma Rousseff um grande endosso popular ao segundo mandato da petista.
No Palácio do Planalto a avaliação é a de que a mobilização da sociedade civil é fundamental para mostrar que a presidente possui legitimidade e apoio popular, o que ajudaria a desencorajar "aventureiros" que queiram questionar o resultado das urnas.
"Vai ser uma posse de caráter marcadamente político, no sentido de uma disputa, de uma festa, de celebração de uma vitória", diz o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, que deixará o governo. "Se tiver pouca gente, menos de dez mil pessoas, é um convite para que o outro lado faça uma provocação. Se nós botarmos bem mais gente que isso, duvido que alguém queira nos fazer qualquer provocação."
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O ginásio Nilson Nelson, no centro de Brasília, foi cedido pelo governo do Distrito Federal e se tornou abrigo para os militantes que se deslocaram de 22 Estados. Por volta das 10h30 desta quarta-feira, 31, o local estava praticamente vazio, mas a expectativa era a de que entre 400 e 500 ônibus chegassem ao longo do dia. As caravanas foram organizadas pelo PT, centrais sindicais e, em alguns casos, pelos próprios militantes.
O partido não informou os gastos com o transporte de pessoas e a realização da festa, que contará com shows da sambista Alcione, do rapper GOG e da cantora brasiliense Ellen Oléria.
"A militância do PT compareceu em peso na campanha e só não está comparecendo em número maior agora porque muitas pessoas não têm condição de vir", afirma o ministro. "Eu estou otimista com uma festa bonita."
Apoio
A artesã Raimunda Edna da Silva, de 53 anos, saiu de Macapá no último sábado, pegou um navio rumo a Belém e de lá seguiu em uma viagem de 36 horas de ônibus, que terminou às 7h da manhã de hoje.
"Vir para cá era uma questão de honra, porque não sei quando vou aplaudir uma outra mulher e uma outra petista na Presidência da República", diz. "A Dilma vai precisar muito da gente no segundo mandato."
Para o cantor e compositor Ronaldo Alcântara, 49, a vitória apertada, no segundo turno, de Dilma sobre o senador Aécio Neves, que foi candidato do PSDB à Presidência, fez a militância se mobilizar para viajar a Brasília. "É importante estar aqui para fortalecer Dilma", justifica.
A caravana de Belém reuniu 45 pessoas, que pagaram uma cota pessoal de R$ 280 para fretar um ônibus. Na bagagem, eles trouxeram farinha de mandioca e dez litros de açaí.
"Houve erros no governo da presidente Dilma, todo mundo erra. Mas os erros foram muito menores do que o de governos anteriores. Fala-se tanto de corrupção na Petrobras e se esquecem da privatização da Vale", diz o advogado Andrei Mantovani, 40. Os militantes entrevistados não compareceram à primeira posse de Dilma, em 1º de janeiro de 2011.
Chuva
Há quatro anos, a posse de Dilma para o primeiro mandato mobilizou cerca de 30 mil pessoas, que enfrentaram uma forte chuva na Esplanada dos Ministérios. Dilma foi obrigada a fazer o trajeto até o Congresso com a capota do Rolls-Royce fechada, o que deixou parte da militância frustrada.
A ocasião também marcou a despedida do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Muitos foram a Brasília com o objetivo de se despedir dele. Após transmitir o cargo para sua sucessora e recepcionar os chefes de Estado, Lula desceu a rampa do Palácio do Planalto para cumprimentar as pessoas que o esperavam na rua. Petistas cantarolavam na Praça dos Três Poderes o bordão "Olê, olê, olê, olá, Lula, Lula".
Em 2011, o PT também mobilizou sua militância para a posse e espalhou bandeiras do partido no trajeto do Rolls-Royce presidencial. Tímidas bandeiras do PMDB, partido do vice-presidente Michel Temer, também foram espalhadas na Praça dos Três Poderes.
A previsão do tempo em Brasília para amanhã é de sol com nuvens e chuvas rápidas durante o dia e à noite. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.