A comissão de ruralistas que se reuniu nesta quarta-feira com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou o encontro insatisfeita e com uma série de críticas à condução da política de reforma agrária. Os produtores rurais consideram que o governo federal não sabe como resolver as disputas de terras no campo.
"A mensagem do presidente é de que ficássemos tranquilos e que a paz existirá, apesar de não dizer como vai fazer", afirmou o presidente da CNA (Confederação Nacional da Agricultura), Antônio Ernesto de Salvo. "Nós não queremos que se estabeleça um clima de desordem no campo. Queremos produzir sem nos preocupar em contratar seguranças e jagunços", completou.
O ruralista também criticou a escolha do ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, para conduzir a reforma agrária e afirmou que o governo cometeu "deslizes" na conversa com o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
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Rossetto chegou a dizer que não recriminava a formação de acampamentos em estradas e que seus ocupantes seriam os primeiros beneficiados com a reforma. Hoje os fazendeiros rebateram as declarações, afirmando que o ministro incitava "desajustados e desavisados". "Juntar desempregados e desocupados para fazer acampamentos nas estradas, isso não é reforma agrária", disse Salvo.
Na reunião entre Lula e integrantes do MST, o presidente foi criticado por ter usado um boné com o logotipo do movimento. Depois, o ministro Rossetto se deixou fotografar tomando chimarrão com os sem-terra. O outro alvo de críticas foi a declaração do procurador-geral da República, Cláudio Fontelles, de que não é crime invadir terras improdutivas. "Bonés e opiniões nós respeitamos, mas não concordamos", disse.
O presidente da Farsul (Federação dos Agricultores do Rio Grande do Sul), Carlos Sperotto, que também participou da reunião com Lula, relatou que os integrantes do governo teriam admitido que 70% dos assentamentos são inadequados.