A auditoria instaurada pelo Tribunal de Contas do Paraná já detectou rombo de pelo menos R$ 20 milhões nas finanças da Prefeitura de Maringá. A informação é do presidente do Tribunal, conselheiro Quiélse Crisóstomo. Segundo nota oficial distribuída pela assessoria do TC, a dilapidação das contas municipais se acentuou nos últimos três anos. O ex-secretário da Fazenda do município Luis Antonio Paolicchi é apontado como o mentor do esquema que desviou recursos dos cofres públicos.
O TC informa que dentro de três semanas o pente-fino nas contas da prefeitura estará concluído. A auditoria tocada pelo corpo técnico do Tribunal foi solicitada pelo Ministério Público, que já acionou judicialmente o ex-secretário da Fazenda. Os promotores já comprovaram o desvio de R$ 3,1 milhões e estão no rastro de mais pistas de irregularidades. Os técnicos do TC têm à disposição uma farta documentação, com vários pareceres e observações técnicas feitas por seus especialistas.
Quiélse Crisóstomo informou que os técnicos do TC chegaram aos R$ 20 milhões através da análise de documentos. Além de endossos e depósitos diretos na conta de Luis Antonio Paolicchi e de "laranjas" (terceiros de boa-fé usados no esquema), havia outras formas de desvio de recursos, que serão divulgadas ao final do trabalho. O presidente do TC espera que em três semanas a auditoria, chefiada pelo procurador do TC Laerzio Chierosin Junior, esteja com o seu parecer concluído.
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A auditoria também trabalha em cima da prorrogação de contratos firmados entre algumas empresas e a Prefeitura de Maringá e, segundo a nota oficial da assessoria do TC, os técnicos já encontraram indícios de que houve "favorecimento com objetivos políticos", ou seja, parte dos recursos teria sido canalizado para a recente campanha eleitoral. Quiélse Crisóstomo, entretanto, não forneceu os detalhes de quem saiu favorecido com o esquema. Segundo ele, as informações ainda não foram totalmente apuradas.
O escândalo nas finanças envolvendo a Prefeitura de Maringá estourou no início do mês de outubro. O ex-secretário da Fazenda está foragido e não compareceu, no último dia 26 de novembro, em audiência na Justiça Federal. Paolicchi, que está com a prisão preventiva decretada pela Justiça, responde ação criminal por sonegação fiscal, peculato, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. O paradeiro do ex-secretário ainda é um mistério para a polícia.
O caso tomou proporções a ponto de o prefeito da cidade, Jairo Gianoto (sem partido), ter sido afastado judicialmente. Jairo Gianoto também foi arrolado numa das ações que corre contra Paolicchi, porém esta ação é de natureza civil e não criminal. O prefeito é acusado de improbidade administrativa. Nas investigações que vêm promovendo, o Ministério Público encontrou alguns cheques no valor de R$ 549 mil, da prefeitura, na conta pessoal do prefeito.
Assim como foi no escândalo Ama-Comurb, em Londrina, a sociedade civil organizada de Maringá montou um movimento popular para pressionar politicamente a apuração das denúncias. O Movimento de Moralização de Maringá aguarda com o resultado da auditoria do TC e a conclusão das investigações dos promotores para novas manifestações de protesto.