Em campanha pela reeleição à frente do PMDB, o vice-presidente da República, Michel Temer, declarou na segunda-feira, 15, "jamais" ter sido articulador do impeachment da presidente Dilma Rousseff. "Jamais fui articulador de impeachment. Jamais disse uma palavra em relação a esse assunto. Por uma razão singela: é uma matéria do Congresso Nacional. Não é uma matéria atinente ao Poder Executivo. De modo que nunca disse uma palavra sobre isso. Continuo dizendo a mesma coisa. Não me meto nessa história. Não entro nessa história. O Congresso Nacional vai achar o que deva acontecer", afirmou o peemedebista, em Belo Horizonte.
Em dezembro passado, o vice-presidente enviou à presidente da República uma carta com reclamações do tratamento dado pelo governo ao PMDB, o que gerou desgaste com o Palácio do Planalto em meio ao movimento da oposição pelo afastamento da presidente.
Ao lado de lideranças nacionais do PMDB, Temer esteve na capital mineira para pedir apoio à sua reeleição como presidente do partido em evento com cerca de 500 correligionários da legenda. Horas depois, sua comitiva viajou para Vitória (ES). Os peemedebistas mineiros entregaram ao vice documento de apoio à sua reeleição assinado por todos os delegados da sigla que votarão no próximo dia 19.
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Um dos assuntos da agenda de segunda-feira foi a intenção de o partido lançar candidato à disputa presidencial em 2018. "Dizer que o PMDB não tem poder político? Tem. Temos maior número de prefeitos, vereadores, deputados estaduais, deputados federais, senadores, a presidência da Câmara, a presidência do Senado, modestamente, a Vice-Presidência da República. Temos poder político. Mas precisamos é da Presidência da República em 2018", disse Temer em discurso para os correligionários.
'Em cima do muro'
Antes do encontro, na porta do hotel onde a reunião foi realizada em Belo Horizonte, dez pessoas fizeram protesto contra a presidente Dilma Rousseff e o próprio partido com faixa que dizia: "PMDB: Puxadinho do PT". Nos discursos, dirigentes do partido reforçaram a mensagem. "Precisamos deixar de ser o partido da governabilidade para ser o partido que vai governar o País", afirmou o secretário-geral do PMDB nacional, deputado federal Mauro Lopes (MG).
Para o presidente da Fundação Ulysses Guimarães, Moreira Franco, que já foi ministro da Assuntos Estratégicos da Presidência da República e também ministro da Secretaria de Aviação Civil no governo Dilma, o PMDB não participa das decisões políticas do País. Para o ex-ministro, o partido precisa "sair de cima do muro".
O presidente estadual da sigla, o vice-governador Antônio Andrade, afirmou "não entender o que se passa no governo federal". O peemedebista alegou que o "jogavam contra" Michel Temer quando o vice atuava como articulador do governo. "Parece que não queriam o seu sucesso."
Ao final do encontro em Belo Horizonte, com Temer já se despedindo, um correligionário do PMDB Afro interpelou o vice-presidente do fundo do auditório e pediu que citasse o trabalho desenvolvido pelo grupo. Até aquele momento, depois de citar várias alas da legenda, ninguém da cúpula do partido havia feito menção ao movimento negro que integra o partido. Temer atendeu ao pedido e, na saída, parou para fazer fotos com o representante do grupo.
'Dificuldade'
Em Vitória, a sucessão presidencial de 2018 voltou a ser assunto da agenda do vice-presidente. "Precisamos revelar toda história do PMDB aos brasileiros. Se não fosse nosso partido, no passado não teríamos feito o Plano Real e o Brasil não teria saído da crise no passado, por exemplo. Será uma eleição difícil, mas temos que mostrar a que viemos e ir não ir só atrás de votos", ressaltou o peemedebista durante evento com representantes e militantes do partido no Espírito Santo. (Colaborou Jennifer Trindade, especial par AE)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.