O vereador Rodrigo Gouvêa (PRP) está novamente no centro de um escândalo: ele teria sido acusado em depoimento ao Ministério Público por um empresário de Londrina de tentar cobrar propina para aprovar projeto de lei, situação exatamente igual à investigada no ano passado, que levou à renúncia de Henrique Barros (PMDB) e à cassação de Orlando Bonilha, além do afastamento de metade dos vereadores da legislatura passada.
Desta vez, Rodrigo Gouvêa teria exigido determinado valor do empresário Maurício Costa para aprovar projeto de lei do Executivo que cria o projeto "Minha Casa, Minha Vida". Costa tem uma construtora e já executa um dos projetos do governo federal para a construção de casas populares na zona norte.
O projeto foi aprovado na forma do substitutivo número dois, em 25 de junho, com 13 votos favoráveis. Gouvêa estava ausente; no primeiro substitutivo, votou a favor. Na primeira tramitação, votou contra a urgência para apreciação da matéria.
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O promotor Renato de Lima Castro não quis comentar as investigações. No entanto, conforme a Folha de Londrina, Costa teria sido chamado ao MP e, em depoimento formal, teria relatado que no dia da votação do projeto, Gouvêa o teria chamado para fora do plenário e pedido dinheiro para aprovar a proposta. No entanto, no dia seguinte, o empresário teria voltado à Promotoria e dito que não tinha certeza sobre o que o vereador teria dito na oportunidade.
Apesar do recuo do empresário, também foi chamado ao MP o presidente da Câmara, José Roque Neto (PTB). O petebista teria confirmado uma conversa posterior à votação solicitada por Costa, na sala da Presidência, em que o empresário teria relatado o pedido de Gouvêa.
Indagado ontem sobre o assunto, Roque Neto foi lacônico. ''Não é meu perfil mentir, e como esta Casa já passou por vários transtornos, falei ao promotor que estamos à inteira disposição, sobretudo quanto a disponibilizar os pedidos de informação que a Promotoria nos fizer. Mas sobre esse assunto (caso Rodrigo Gouvêa) me pediu tranquilidade e sigilo'', resumiu. Indagado sobre quando depôs, o petebista respondeu que ''o convite me foi feito há uns 15 dias''.
A FOLHA chegou a falar com Gouvêa quando ele ainda estava a Plenário, mas ele se limitou a responder que conversaria ''só depois do fim da sessão''. Ele deixou a Casa um pouco antes e não foi localizado posteriormente.
O corregedor da Câmara, vereador Gerson Araújo (PSDB), admitiu ter ouvido sobre a denúncia ainda em plenário, mas disse não ter recebido nada oficialmente. ''Esse assunto é grave, a gente espera mesmo que seja só boato porque acaba afetando, de alguma forma, todo mundo. Mas se chegar algo de oficial, como uma representação, a comissão de ética posteriormente pode ser acionada'', disse. Na legislatura passada, dos 19 parlamentares empossados em janeiro de 2005, metade foi processada por concussão e formação de quadrilha.
O vereador Rodrigo Gouvêa não quis falar sobre o assunto e o empresário Maurício Costa não foi localizado pela reportagem na noite de ontem. (Com informações de Janaína Garcia/Folha de Londrina).