Choque elétrico pode matar. Entretanto, é comum as pessoas minimizarem as causas, os efeitos e as conseqüências de um choque, que não precisa ser "forte" para provocar a morte. O presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Elétricos NEMA Brasil, Hilton Moreno, destaca os cuidados necessários para evitar esse tipo de risco, que é mais comum do que se pensa. Dados da AES Eletropaulo apontam para um índice de falecimentos em 20% dos acidentes que envolvem choques elétricos.
Os exemplos de choques ou óbitos provocados por energia elétrica são os mais diversos. Crianças que soltam pipas perto da rede elétrica ou colocam o dedo em tomadas e pessoas que roubam cabos elétricos estão entre os casos comuns, mas os deslizes não param por aí. Instalações mal feitas e equipamentos irregulares são, muitas vezes, causas de diversos tipos de acidentes fatais.
Instalação segura
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Planejar e executar uma instalação elétrica segura não é complicado e nem tão custoso quanto muitos podem imaginar - seja em instalações novas ou antigas. Inicialmente, é preciso contratar um profissional capacitado para executar a tarefa - tendo em vista que parte dos acidentes ocorre durante a obra e envolve os "curiosos" que se põem a fazer uma instalação elétrica -, e utilizar produtos fabricados segundo as normas técnicas vigentes no país. Para amenizar o risco dos choques elétricos, alguns componentes não podem faltar, como o fio terra - proteção básica e essencial contra choques elétricos -, dispositivos diferenciais residuais (DR's), que interrompem a alimentação do sistema elétricos em caso de fuga de corrente, e tomadas 2P+T (com dois pólos e mais o contato para o fio terra), que devem ser instaladas em imóveis novos ou nas reformas dos usados.
"Embora sejam aparentemente simples, as instalações elétricas exigem atenção e conhecimento para saber o que podem acarretar e como evitar acidentes, pois qualquer falha pode oferecer perigo. Entretanto, podemos estimar que cerca de 80% das residências possuem instalação elétrica inadequada", afirma Moreno. Vale lembrar que uma parte significativa dos incêndios tem como causa o mau uso da eletricidade. E as principais causas elétricas estão relacionadas a fiações com defeitos na isolação, sobrecargas nos condutores e conexões com problemas.
O presidente da NEMA Brasil observa que, não por acaso, a Instrução Técnica (IT) n° 47 do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo será dedicada à inspeção de instalações elétricas de baixa tensão no Estado - que está presente em milhões de unidades habitacionais, comerciais e industrias existentes no Estado, afetando cem por cento da população atendida por eletricidade. A IT deve entrar em vigor a partir de 2009 e a vistoria dos oficiais do Corpo de Bombeiros, somada a indicação do responsável técnico pelas instalações, será fundamental para aumentar a segurança das pessoas e evitar acidentes, muitas vezes, fatais. A IT nº47 baseia-se na NBR 5410 - norma que rege este tipo de instalações - e nos regulamentos das concessionárias de energia elétrica.
Cuidados em casa
Os cuidados começam na obra, que deve respeitar uma distância mínima da rede elétrica pública. Dentro de casa, o contato indevido com a eletricidade ou aparelhos elétricos pode causar ainda queimaduras ou incêndios. Por isso, as boas condições dos equipamentos e a tomada correta para cada plugue são recomendadas. A limpeza e o reparo dos equipamentos devem ser realizados com os mesmos desligados e é importante não fazer uso de benjamim, que pode se incendiar devido a uma sobrecarga elétrica, além de consumir energia elétrica em excesso.
Água e eletricidade não combinam. Assim, é indicado que se mantenha qualquer aparelho longe de pias, banheiras, superfícies molhadas, mesmo desligados. Se um aparelho cair na água, é preciso desligá-lo da tomada antes de recuperá-lo; cabos e fios devem ser mantidos fora das áreas de circulação de pessoas e livres de óleo e de água. As tomadas externas devem ser específicas para este uso (grau de proteção adequado) ou necessitam de coberturas resistentes à chuva.
Cuidados com as crianças
As crianças são alvo de sérios acidentes com eletricidade. Algumas dicas para evitar estas ocorrências são, em primeiro lugar, orientá-las para que fiquem longe e não toquem em qualquer instalação ou aparelho elétrico, bem como não deixar os equipamentos ao alcance delas. Colocar um protetor plástico nas tomadas impede que elas coloquem os dedos nos orifícios, evitando choques.
As pipas são grandes vilãs das crianças quando se trata de energia elétrica, pois a linha pode conduzir a eletricidade até a criança; por isso empinar pipas próximo à rede elétrica ou tentar recuperá-las em postes ou árvores pode ser fatal. A linha deve ser sempre de algodão e nunca feita com materiais metalizados ou com cerol que também conduzem eletricidade. É preciso orientar as crianças para que não entrem em estações de energia ou subam em torres de transmissão. Vale lembrar que, em alta tensão, basta uma simples aproximação para receber a descarga elétrica.
Informação
O quadro de luz ou caixa de força deve conter fusíveis ou disjuntores que interrompem a energia nos casos de curto-circuito ou sobrecargas. Por isso, é importante saber onde ficam e como funcionam para desligá-los em caso de emergência. Em instalações elétricas mal feitas, no caso de sobrecargas, a energia poderá não ser interrompida, os aparelhos podem ser queimados e um incêndio iniciado. Deve-se, então, desligar os aparelhos e, em seguida, a chave geral.
Caso o fusível se queime, nunca se deve colocar moedas ou objetos metálicos em seu lugar. É recomendado trocar o fusível por outro semelhante. No caso de disjuntores, basta rearmá-los. Se o problema persistir, é necessário chamar um profissional qualificado. Nas instalações antigas, o cuidado deve ser redobrado, pois elas não foram dimensionadas para as cargas elétricas dos tempos atuais.