O Kitsch é estilo de decoração que está mais presente no dia a dia do que as pessoas imaginam, mas que nem sempre é reconhecido pelo nome. Muito questionado na arquitetura e na decoração, o Kitsch nasceu a partir do fenômeno conhecido como sociedade de massa, na qual a produção artística e cultural era destinada a abranger uma parte maior da população.
"Na época em que esse movimento surgiu acontecia a ruptura da sociedade contemporânea, caracterizada pela mudança dos costumes e valores. A nova era passava a ser conhecida como sociedade de consumo e foi a partir daí que o Kitsch apareceu, em plena massificação e alienação cultural. Por isso há toda essa discussão sobre o assunto", esclarece Lucille Amaral, arquiteta e professora do Curso Técnico em Design de Interiores do CEPDAP (Centro de Educação Profissional de Design, Artes e Profissões).
Segundo a professora, a principal característica do Kitsch é o exagero e o uso excessivo de elementos, como diversos quadros em uma mesma parede ou a mistura de vários estilos em um mesmo ambiente.
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"É essa relação com o exagero que muitos associam ao brega. No entanto, na maioria das casas é comum você verificar um elemento considerado Kitsch, como pinguins de geladeira, anões de jardim, flores artificiais ou até mesmo imitações de obras de arte. Isso não significa que a pessoa tenha mau gosto para decorar, pois estamos lidando com a cultura de massa. Nesse caso, a amplitude e a oferta são tão grandes que não se pode dizer que não tenham valor", explica.
No caso de edificações, Lucille comenta que muitos prédios novos utilizam elementos do Kitsch como adornos exagerados e frontões, que passam a falsa ideia de nobreza, tornando-se mais atrativos comercialmente.
"Isso deixa o edifício aparentemente mais comercial, pois o consumidor não reconhece essa jogada de venda. Mas para os profissionais da área é um problema, pois deturpa a arquitetura. Além disso, o uso de artifícios como esses pode passar para o consumidor final a falsa interpretação de que o imóvel tem estilo, o que é totalmente equivocado", avalia.
Para aqueles que não têm receio em exagerar na decoração, a arquiteta dá dicas de como usar determinados elementos. "Se a intenção é algo Kitsch, deve-se exagerar na quantidade e variedade de cores de almofadas, por exemplo, ou ainda, pintar uma parede com cor forte e acrescentar diversas molduras de fotografias de diferentes épocas. Se forem objetos bem escolhidos, podem sim ter seu ponto positivo de destaque na decoração", ensina Lucille.