O artista do Renascimento Michelangelo Buonarroti, fez a maquete da Basílica de São Pedro em madeira antes de sua construção ser iniciada em 1506. Antes de o maior prédio de Nova York – o Empire State Building – ser erguido em 1930, uma majestosa maquete já dava a idéia da imponência que a construção real teria. Até hoje, o uso da maquete sobrevive mesmo quando o avanço dos computadores permite que o projeto de uma construção seja visualizada virtualmente em três dimensões e que as pessoas possam simular um passeio na chamada maquete eletrônica.
Quando começaram as atividades em 1993, a empresa de execução de maquetes dos arquitetos César Imai e Maurício Azuma, segundo conta Imai, era a única do gênero na cidade. Na época, os computadores ainda eram pouco utilizados. Algum tempo mais tarde, no entanto, a existência dessa tecnologia deixou os empresários sob alerta. ‘Houve um certo momento em que tivemos dúvida de qual sobrevida teria a maquete’, conta. Isso porque a perspectiva feita em programas de computadores, além de ter um apelo muito forte, oferece algumas vantagens em relação à maquete comum. A versão eletrônica não ocupa espaço e tem manuseio mais fácil.
Com o tempo, porém, os arquitetos perceberam que a demanda continuava. Após fazer uma reflexão sobre o ocorrido – pois ambos também atuam como professores universitários – eles chegaram à conclusão de que a maquete tradicional seria complementar à eletrônica. Ou seja, ainda que a ‘maquete virtual’ tenha várias vantagens, a física apresenta algumas características que a primeira não pode garantir, como o aspecto didático.
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Vantagens
Segundo o arquiteto, a maquete permite que a pessoa leiga faça uma correlação maior entre o objeto e o seu universo de conhecimento. Além disso, com a construção em miniatura, o consumidor consegue visualizar todos os espaços do edifício e de diversas posições diferentes. Ele acrescenta que, desta forma, o instrumento tem a vantagem de representar a edificação e, por isso, é considerada como uma antecipação do empreendimento, embora em escala reduzida. Desta forma, a maquete acaba sendo uma garantia para quem está adquirindo o imóvel.
As maquetes geralmente são utilizadas por empreendedores, incorporadoras, construtoras ou escritórios de arquitetura que desejam divulgar uma ideia ou vender um produto, seja um terreno, um prédio ou um edifício institucional.
Para Célia Catussi, gerente regional da Plaenge (que utiliza o recurso), o produto faz com que o cliente se sinta mais próximo ao projeto. ‘Apesar de existirem programas de informática em que a pessoa pode fazer um tour pelo projeto, a maquete tem uma facilidade de visualização para pessoas que não têm muita experiência na parte tridimensional. Elas conseguem se localizar, entendem como são os caminhos que levam ao apartamento’, avalia.
Já o gerente de Vendas da Construtora A. Yoshii, José Ioner Zanoni, afirma que uma melhor visualização do projeto e de aspectos como a angulação do pôr do sol, a distribuição da área de lazer e o desnível do terreno são alguns dos fatores que ainda justificam o uso de maquetes. ‘Tanto que são feitas maquetas de todos os nossos empreendimentos. Ela vem somar à visualização do cliente para aquilo que ele está comprando.’
Dependendo do grau de complexidade, a maquete pode demorar de 10 a 60 dias para ficar pronta. Na empresa de César Imai, sete pessoas trabalham no desenho, no corte e na montagem das perspectivas. Todos os funcionários foram treinados porque o desenho e o corte são feitos, primeiramente, no computador. Nas universidades a maquete, geralmente, é ensinada manualmente. O preço varia conforme o trabalho, mas considera uma tabela criada pelos profissionais horas trabalhadas, materiais utilizaos e custos fixos como água, energia, telefone, impostos e contabilidade.
Curiosidade
As técnicas para o tipo de maquete confeccionada por Imai, em geral, não são ensinadas nas universidades. Como ele aprendeu? Na tentativa e erro e na curiosidade, afirma. Ele conta que, junto ao seu sócio, passou anos testando materiais para chegar à qualidade de produção atual. ‘É um trabalho para curioso. O arquiteto deve se perguntar: ‘Como vou representar algo que pareça similar ao real só que com um tamanho 50 vezes menor?’.