As varandas viraram um espaço curinga nos novos apartamentos. Elas ganham medidas cada vez mais generosas à medida que a área útil interno dos apartamentos diminui. A área pode ser aproveitada como cozinha, sala de jantar ou living, de acordo com as necessidades do morador. Os lançamentos imobiliários estão reduzindo o tamanho das unidades, mas a varanda não diminui. Elas deixaram de ser um detalhe para virar uma parte importante do apartamento", afirma a arquiteta Julia Varon, de São Paulo.
A cozinha gourmet, que conjuga mesa, churrasqueira e equipamentos de cozinha, continua em alta. Ela foi a opção de Varon para a varanda de um apartamento dos anos 1990, que era espaçosa, mas pouco funcional. Ali, coube mesa com quatro lugares, bancada com chapa, coifa, forno de pizza e uma geladeira cor de abóbora. No lado oposto, um armário esconde a máquina do ar-condicionado. "Outro de meus clientes comprou um estúdio com cozinha minúscula, onde só caberiam um cooktop e um frigobar, e pediu que eu transformasse a varanda em uma cozinha mais funcional. Agora, ele tem forno e geladeira", conta Varon.
Um dos projetos assinados pela arquiteta Christina Faria, da Spazio Arquitetura, usou o espaço original da sala para ampliar a cozinha, enquanto a área de estar foi inteiramente transferida para a varanda. As extremidades do ambiente escondem dois truques. Atrás do sofá, uma caixa de madeira ripada acomoda a máquina do ar-condicionado -sobre ela, foi organizada uma horta de temperos.
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No lado oposto, um grande armário faz as vezes de área de serviço e camufla aquecedor, máquina de lavar e tanque. "Eliminamos a porta entre a sala e o terraço para integrar completamente os ambientes", conta Faria.
O aproveitamento da varanda não é exclusividade de quem tem pouco espaço. Contratada para redecorar o apartamento de uma empresária que vive com o filho adolescente, a arquiteta Debora Wajman sugeriu transformar o amplo terraço em um segundo living, integrado à sala de jantar.
Fechado com painéis de vidro, o ambiente ganhou tapete felpudo, plantas, poltronas diante da TV e uma mesa de refeições. "Como a luz natural é abundante, o espaço ficou alegre, convidativo e passou a ser usado com mais frequência", diz Wajman.
Embora as possibilidades para explorar a varanda sejam infinitas, é preciso começar qualquer projeto pela consulta às regras do condomínio. A maioria dos edifícios, segundo Julia Varon, só permite fechar a varanda com painéis de vidro, recurso que tem vantagens e desvantagens. "Eles são discretos, proporcionam grandes aberturas e não barram a luz natural, mas podem esquentar muito o ambiente dependendo da posição do prédio em relação ao sol. Em 80% dos casos, não basta instalar ar-condicionado. É preciso reforçar a proteção com persianas ou telas solares, o que nem todo condomínio permite."
O tipo de iluminação também costuma ser definido pelo regimento interno do prédio, ela diz. "Há condomínios que determinam se as lâmpadas devem ser brancas ou amarelas, para garantir a unidade da fachada, e há os que proíbem luminárias pendentes, para que o padrão de iluminação externa não seja alterado."
Outro cuidado importante no projeto das varandas, diz Varon, é a escolha dos materiais. Paineis de vidro, segundo ela, nem sempre garantem 100% de vedação - quando há chuva com vento, é comum que a água respingue na varanda. "Por isso, não recomendo piso de madeira, que deforma e mancha com a água. Também evito marcenaria com acabamento laminado, que pode descolar e ondular com a água e o calor."
Ela também recomenda atenção à escolha dos tecidos -tons vibrantes ou escuros costumam desbotar facilmente quando expostos ao sol. "Sugiro optar pelos tecidos impermeáveis, como os navais, que são resistentes à água e já vêm de fábrica com proteção contra raios solares."