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A MÚSICA DO MUNDO REVELADA POR GODARD - análise de filme

31 dez 1969 às 21:33
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Filme: NOTRE MUSIQUE
DE JEAN-LUC GODARD

Quando um artista transfere para a forma de um objeto aquilo que esteve sendo por ele criado, no mundo do imaginário, temos um sonho realizado.
A Sétima Arte é uma das mais belas linguagens deste acontecimento.
Um filme sonhado por um cineasta pode vir a ser um sonho arquetípico. É o que acontece com o imortal filme de Godard intitulado NOTRE MUSIQUE.
A música de que Godard nos fala, toca e ressoa através dos tempos. Há bilhões de anos só o que se ouve é a mesma música. E o que fica no ar é a pergunta: Será que um dia nós aprenderemos a tocar uma outra canção?

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O gênio de Godard faz transferir para a tela uma esplêndida discussão entre Texto e Imagem abordando conceitos e fazendo críticas à organização social, ora irônica, ora inteligentemente sutil dispostas em três reinos: Inferno, Purgatório e Paraíso.

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ALGUMAS RELAÇÕES/OUTRAS RALAÇÕES


REINO I - INFERNO

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E "assim, nos tempos das fábulas, após as inundações e o dilúvio...", então, imediatamente após a Salvação Divina da Barca de Noé, "homens armados surgiram da Terra e se exterminaram".
É esse o conceito da Divina Salvação exposta por Godard que nos incita a repensar e ampliar as idéias ou então, negar tal possibilidade e não mais assistir ao filme.
Ou, assistir ao filme e com as idéias e conceitos bem cristalizados e engessados não se dar conta da sua interpretação e daquilo que se chamou Salvação Divina. É uma das opções que infelizmente, ocorre com muito maior freqüência, talvez seja devido a essa surdez que a música continue sendo a mesma.


Uma das primeiras imagens, que podemos classificar conforme o próprio Godard ensina em plano e contraplano, trata de um bando de macacos saltando pelas águas de um rio e imediatamente após, um bando de soldados armados andando pelo leito de um outro rio, deixando para os que assistem tirarem sua conclusão através da óbvia comparação.

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Assim, plano e contraplano insere uma nova questão: a selvageria dos homens, bem como sua insensatez em lidar com os instintos. Negando, só o que consegue é que eles se revoltem e surjam de maneira desmedida.
Se os homens e mulheres vivessem dia-a-dia catando a unha seu instinto, sem negá-lo, acolhendo e negociando com eles, a selvageria poderia ser administrada.
Para isso há de se ter coragem e honestidade para com aquilo que deveras sente. Infelizmente, a maioria dos líderes não possui energia psíquica suficiente para tal, além disso, os líderes preferem exercer seu poder de forma selvagem, através de estratégias que vendem como sendo amor, caridade, piedade, justiça, etc, enfim, é esta a nossa música.


Enquanto surgem imagens de guerra, morte, perseguições religiosas e enforcamentos, que vem desde o tempo das fábulas até as guerras mais atuais que utilizam satélites e aviões, uma mulher implora a Deus nas mãos de um soldado: "Perdoa-nos as ofensas como nós perdoamos a quem nos tenham ofendido. Como nós perdoamos, perdoa-nos". Assim, o texto e a imagem se contrapõem, significando que o instinto selvagem e o instinto religioso se coadunam para formar o primeiro reino de Godard. O mesmo reino que inicia a canção denunciada pelo filme.

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Imagens aceleradas de corpos carbonizados, Alemanha nazista, crianças morrendo e ou brincando de guerra, soldado rindo, freiras fazendo seus votos, explosões e a pergunta inquietante na tela: "Você se lembra de Sarajevo?".


Enquanto isso o texto está em forma de prece.
É declaradamente uma crítica sobre a nossa ocupação da existência.
Essa é a nossa música! Até quando? O esquecimento passa a ser visto como um mecanismo de defesa e conseqüentemente, uma negação da própria existência.

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O texto se modifica e vem uma nova proposta de reflexão: Ora, "je et notre!". Em português significa: Eu estou no outro.
A percepção estética e não mais moral dessa questão de estar no outro, poderia ser a base para o acolhimento às diferenças. No entanto, enquanto se mantém fixada como base moral, estar no outro, implica em reprimir os fluxos alheios na mesma medida em que repreendo em mim mesmo.


Dessa forma, não ocorre aceitação daquilo que está no outro e que também é meu, ocorre sim, o preconceito e a barbárie a partir de impor ao outro aquilo que deve e tem de ser em conformidade com aquilo que eu acredito ser o correto.

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A consciência do processo psicológico de individuação, conceito cunhado por Carl Gustav Jung, nos insere no mundo como autores e co-autores dos reinos apontados por Godard.


A morte como o possível do impossível ou como o impossível do possível vem no texto e nas imagens deflagrando o absurdo das ações humanas.

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Godard nos remete à desesperança da fé, porque a fé não impede e até mascara as atrocidades que se faz desde que o mundo é mundo.



REINO II – PURGATÓRIO



Já não se trata da questão de fé que foi o assunto no purgatório. Trata-se agora das idéias e ideais de homens e mulheres.


Godard traz à lembrança, Hannah Arent cujo pensamento sobre a ação política defende que a cidadania é apenas um modo de legitimar os governos por meio de eleições.
Sua filosofia trata da experiência da polis grega e tem muito do contexto da Alemanha dos anos 30, sempre preocupada em estabelecer novos conceitos e valores humanos em prol de uma maior igualdade na diversidade.


Nos lembra também de Che Guevara celebrado por muitos como um dos maiores guerreiros pela paz e que muitos outros falam das atrocidades que sua ideologia impôs a tantos outros. São frases dele: "Vale milhões de vezes mais a vida de um único ser humano do que todas as propriedades do homem mais rico da terra".


Ou ainda essa: "Acima de tudo procurem sentir no mais profundo de vocês qualquer injustiça cometida contra qualquer pessoa em qualquer parte do mundo. É a mais bela qualidade de um revolucionário".


Confere destaque a Henri Curiel militante comunista e ativista político. Em 1914 militava no Cairo (Egito). Morto em Paris em 1978, sua morte é ainda cercada por mistérios e são muitos seus atuais seguidores.
Ainda cita Mao Tsé Tung e outros que não nomeia.


Todos eles lutavam pela paz. Todos eles tinham uma idéia e um conceito de paz. Tinham e defendiam seu texto, mas a imagem que se seguiu a partir do texto que previa e ambicionava a paz, ou melhor, a igualdade na diversidade, trouxe divisões, morte e guerra.


No Purgatório, as idéias e as imagens se contrapõem bem como no Inferno. A diferença é que lá o texto é a fé e aqui o texto são as idéias, as imagens continuam sendo as mesmas: explosões, dilacerações, flagelos, miséria, morte, preconceitos, desigualdades, hipocrisias, falácias, violência moral, violência emocional e psicológica e todo o lixo corruptível e corrupto.


Uma frase do filme: "Matar um homem para defender uma idéia, não é defender uma idéia. É matar um homem".
Não se deve esquecer que o revolucionário também está sendo morto por aqueles que também defendem uma idéia diferente da dele. A princípio o revolucionário acredita que está apenas se defendendo. Porém, aquele que está do outro lado considera que também não deseja matar e que está apenas se defendendo.


E assim, como dizem no filme: "Quando tudo termina nada é como antes. A violência deixa marcas profundas... A confiança no mundo que o terror aniquila é irrecuperável... A violência rompe a linha da vida... O sobrevivente não é só outro, ele é um outro. O corpo é uma arma em potencial. Cada um sabe onde atingir a si mesmo, portanto, sabe onde atingir o outro".


Tanto em Inferno quanto em Purgatório, Godard aponta que o sistema vigente, ou seja, o capitalista/materialista ou socialista ou qualquer outro, assimila tanto a fé quanto o mundo das idéias de modo a fazer com que se voltem contra si mesmo, promulgando e engordando o próprio sistema.


Na embaixada francesa, o embaixador já foi um revolucionário que agora não quer perder seu emprego. Nada mais comum, embora seja corrupção, esse tipo de atitude é considerada normal. Ou melhor, uma corrupção normatizada pelo sistema.


Através desse personagem, Godard instiga, uma antiga discussão entre a prática e a teoria.


O embaixador diz que os jornalistas estão na espera de noticiar a realidade desde Homero, ou seja, há oito mil anos! De modo que também a mídia está sendo denunciada como favorável ao sistema e por este normatizada.


O escritor que se junta a ele afirma que aquele que age não tem capacidade de contar e que aquele que conta não sabe do que fala.


O embaixador polemiza e acredita que aí existe contradição. De qualquer modo, a discussão não se faz e a falácia é tão somente mencionada.


Godard parece dizer que essa discussão entre a prática e a teoria é mais uma forma de alimentar o sistema. Pois, em seguida o filme vem contemplar os poetas e sua visão de mundo.


Uma garotinha parece estar indo a escola. Entra em um castelo em ruínas e ali há um senhor que parece ser um fiscal. Escreve, escreve e se aliena completamente de tudo a sua volta.


O livro que a garotinha coloca sobre sua mesa é imediatamente jogado para uma pilha de livros, daquelas que parecem que vão ser queimadas.
A garotinha é completamente ignorada. Será assim mesmo que ocorre no processo educacional? Nossas crianças estariam sendo ignoradas?


Depois, há um apelo para que haja poetas e que somente eles poderão salvar o mundo, talvez por que eles saibam ler os símbolos que cercam a humanidade.
Poetas que possam causar uma revolução em que se acredite numa "indeterminável força de criação, que as lembranças se fortaleçam, que os sonhos possam predizer e que as imagens se corporifiquem".


Surge então os índios, os primeiros homens dessa grande morada e que sempre estiveram em sintonia com a natureza, através de rituais e simbologia.


Diante daquele senhor, indiferente a todos, que escreve e confere sem parar , o índio afirma que o homem branco jamais entenderá as palavras antigas dos espíritos que vagam entre o céu e as árvores.


O índio continua a falar : "Que Colombo vasculhasse o mar para achar a Índia, estava em seu direito. Ele pode mudar o nome dos índios, pode chamá-los de vermelhos, pode até mesmo modificar a natureza, mas fora de seu mesquinho mundo de seus mapas, ele não é capaz de se manter feito os índios que são homens que nascem iguais ao ar e a água". (E, novamente, o texto e a imagem não se tocam).


O homem autodenominado civilizado pode massacrar a identidade indígena, roubar suas terras e subsistência. Pode mudar o curso do rio, mas ainda assim, é incapaz do mais singelo, ter a sabedoria de se fazer igual a todas as coisas.


O índio lança um grande desafio, mas que parece não encontrar escuta por parte dos brancos: Já é hora de nos encontrarmos frente a frente, na mesma era e sabedores de que nós dois somos estrangeiros na mesma terra.


Na seqüência, Olga entrevista um escritor e dessa conversa surge a percepção de que não há vitoriosos. Estamos todos derrotados. A guerra e a violência sejam de que natureza for, promove apenas sobreviventes derrotados.


A índigena vai descendo as escadas e é como se ela representasse seu povo que está descendo para a inconsciência coletiva.


Enquanto desce, ela vai se caracterizando em comportamentos iguais ao do homem branco e assistimos ao seu deslocamento diante da "civilização".
Talvez, o povo indígena seja apenas uma lenda. Mas, carrega seus fortes símbolos que ainda gritam e se fazem ouvir na consciência de maneira que ainda existe os índios paramentados em frente a Olga , a qual desistiu de tirar fotos dos índios "civilizados" próximos a ponte.


Os conhecedores da simbologia, os que são capazes de ler além do texto, ainda poderão resgatar a memória e sabedoria do índio.


Em seguida, Godard ensina que a imagem tem grande força, grande energia psíquica e que quando a tentamos exprimi-la em palavras, essa força perde um pouco de sua intensidade.
Para ver a gente diz "olhe" e para imaginar a gente diz "feche os olhos". Porque aquilo que caracteriza uma imagem é a emoção por ela emanada.


Assim, fecha-se os olhos para ver a imagem e sentir seu poder. No entanto, a imagem que não carrega em si uma emoção, não possui nada além do vazio.


Os homens e as mulheres são criadores do universo a partir da imaginação.


Tudo que se cria, com certeza, antes surgiu em forma de imagem. O primeiro pensamento tanto ontológicamente quanto filogenéticamente falando, se dá por imagem e é chamado de pensamento primitivo, posteriormente desenvolve-se na humanidade e no indivíduo, a segunda forma de pensar já constituída de racionalidade que é chamada de pensamento secundário.


Godard agora explica sobre as expressões conhecidas do cinema, campo e contracampo e faz uma crítica sobre os descuidos e banalização por parte dos profissionais do cinema que não atentam para o fato e a imagem, bem como sua incongruência.


É também aqui nessa fase do filme onde mais se denuncia a banalização cotidiana. Desde o inicio do filme, enquanto se está falando sobre coisas de primeira ordem para a humanidade, outros também estão falando, fazendo barulho, não prestando nenhuma atenção, ou seja, durante todo o filme ocorre ruído na comunicação.


O ruído na comunicação é responsável pela dificuldade de comunicação entre os seres humanos. Esse ruído assume várias formas, desde uma ausência emocional, partidarismo e até agressividade física, não que ausência emocional e partidarismo não se constituam também, em agressividade. São agressividades que, embora seja fato, não condiz com o texto que conhecemos.


Godard mostra Campo e Contracampo através de fotos. Numa delas os israelitas entram na água rumo a terra prometida e na outra os palestinos entram na água rumo ao afogamento. O povo judeu se tornou uma ficção e o povo palestino um documentário. No entanto, não há uma marca de diferença entre as fotos.


O campo do texto cobre o campo da visão de modo que os fatos não estão falando por si mesmo desde há muito tempo. O texto se faz necessário para que o fato reviva e marque a memória. Como por exemplo: Em 1938, Heisenberg e Bohr passeiam pelo interior da Dinamarca e diante do castelo de Elsinor o sábio alemão diz que ele não possui nada de extraordinário, de modo que o físico dinamarquês responde que basta dizer que aquele é o castelo de Hamlet para que se torne imediatamente extraordinário.


E com Campo e Contracampo, Elsinor é o real enquanto Hamlet é o imaginário.
O imaginário é a certeza enquanto que o real é a incerteza. O texto determinou a imagem.


Desse modo, novamente, Godard aponta para mais uma discussão que pode mesmo sugerir que nós estamos sempre vivendo em auto-engano e que por outro lado, ainda não temos um olhar suficientemente estético para priorizar aquilo que de fato determina nossa ocupação na existência.


Diante desses novos conceitos o que é afinal a Vitória? O que é a Libertação?


O primeiro animal visível a surgir foi a luz e Godard diz que o princípio do cinema é o de ir até a luz e apontá-la para nossa noite. Nossa Música.


Enquanto isso, Olga está descobrindo seu caminho e para onde deseja ir. Acredita que deve haver uma ponte entre o passado e o futuro. E que entre nós, eu e o outro, existe uma verdade que é a ponte.
Assim é que somos todos culpados de tudo e de todos. Parece que a combinação entre sofrimento e culpa é a única ponte entre nós, entre ele e eu, entre eu e o outro.


Só para registrar, em psicoterapia, somente depois da culpa é que se obtém a visão real do fato que causou a culpa.


Em uma imagem Olga vê: São duas pessoas lado a lado, uma delas sou eu. Ela, eu nunca vi, mas me reconheço. Mas, não me lembro de nada disso. Deve ter acontecido longe daqui ou mais tarde.
Essa identificação que Olga faz com a outra pessoa que passa por dores e paixões, das quais ela mesma não é protagonista, mas por identificação, reconhece em si. Essa visão de que eu estou no outro, é a ponte a ser restaurada. Para que seja lembrada. Para que seja reconhecida como acontecimento no aqui e no agora.


Mas, para Olga o único problema filosófico realmente sério é o suicídio. Talvez com sua morte pela paz possa de fato, estar fazendo algo de peso para a construção da ponte. Mas, estaria fazendo algo de peso pelo ponto de vista do texto?
Parece que não, porque sua morte também foi banalizada e assimilada pelo sistema.


Porém, quando ela diz q a liberdade será total somente quando viver ou morrer for indiferente, ela levanta a problemática de existir pela e através da intensidade e do vir-à-ser.


Possuir tal liberdade entre viver e morrer corresponde a intensificar tudo, arriscar tudo, viver de modo a acolher tudo que vem de peito aberto. Isso de fato, é tão somente para os fortes, mas não é assim no texto.


Agora, viver em tédio, onde viver ou morrer é indiferente por puro tédio ou por desejo ascensional, daí estamos falando de baixíssima intensidade de vida. Porém, estamos falando do texto em vigor. É a não vida, é a negação dela, e isso é para os fracos e esse é o fato que não vigora.


REINO III – PARAISO


Aqui Olga repete a fala: São duas, lado a lado.... Talvez se nos identificarmos com sua dor e culpa possamos criar a ponte. Para isso é preciso a imagem, porque o texto já cobriu a visão do fato.


De modo que, embora o dia seja claro... Embora se tenha consciência da luta e do suicídio pela paz, não dá pra se ver de onde Olga partiu.


Não há um registro com intensidade afetiva e emocional (com grande carga psíquica a ponto de ser transformadora), na memória das gentes em relação à própria causa e quanto ao motivo de onde partiram aqueles que procuram, desesperadamente, modificar a situação de miséria das guerras e da violência.


O Paraíso de Olga está ironicamente guardado por soldados que empunham suas armas. Seriam eles os soldados da paz, em referência aos E.U.A.?


Ela parece ser a primeira Eva que ao comer a maçã, aqui oferecida pelo homem, logo será expulsa do paraíso. Talvez signifique que, ao obter um certo conhecimento de sua ocupação da existência, você se verá obrigado a fugir do Paraíso sustentado por amigos da paz.


Para encerrar, nada melhor do uma das falas do filme:


"O que vemos diante de nós é uma história sem pensamento, como se herdada de uma vontade impossível. Mais do que nunca, estamos diante do nada".

Sonia Regina Lunardon Vaz
Psicóloga Analítica Junguiana e
Psicoterapeuta Corporal Godelieve Struyf-Denys
e-mail: [email protected]


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