Segundo o jornal americano, uma apresentação que circulou entre os funcionários em março de 2020 mostrou que as comparações no Instagram poderiam mudar a maneira como as jovens se viam. Os documentos teriam sido acessados pelo jornal.
Em outra apresentação, de 2019, a rede social teria sido informada de que a plataforma piorava as questões de imagem de 1 em cada 3 meninas. As adolescentes também culpariam o Instagram por problemas de ansiedade e depressão.
Estaria nessa apresentação, ainda, que entre as jovens que relataram pensamentos suicidas, 13% das britânicas e 6% das americanas ligaram o desejo de se matar à rede social.
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Essas pesquisas teriam sido feitas por funcionários da própria companhia, muitos deles com experiência em psicologia, ciência computacional e análise de dados.
Segundo o jornal, foram cinco apresentações ao longo de 18 meses que mostraram resultados de grupos focais, pesquisas online e acompanhamentos voltados para a saúde mental de
adolescentes. Uma das sugestões teria sido o uso de mais filtros (recurso que muda a imagem das selfies, comuns na rede) "divertidos" no lugar daqueles que retocam o rosto dos usuários.
Os estudos teriam concluído também que o Instagram, especificamente, e não as redes sociais em geral, é problemático, ao levar os usuários a comparações sociais.
Os documentos, segundo o jornal, mostram que 40% dos usuários da rede social têm 22 anos ou
menos.
As informações que o Wall Street Journal afirma ter obtido contrariam o que a empresa vem dizendo publicamente. "As pesquisas que temos visto mostram que o uso de redes sociais para se conectar com outras pessoas pode ter benefícios positivos para a saúde mental", afirmou o presidente-executivo da companhia, Mark Zuckerberg, em março de 2021.
Ele não enviou a suposta pesquisa de sua companhia em resposta aos senadores americanos Richard Blumenthal e Marsha Blackburn, em agosto. Em uma carta, disse que pesquisas internas eram mantidas em sigilo e que não teria conhecimento de um consenso entre especialistas sobre quando o tempo de tela se torna prejudicial.
Em maio, Adam Mosseri, executivo do Facebook encarregado do Instagram, disse a jornalistas que as pesquisas indicam que os efeitos do aplicativo em adolescentes são pequenos.
Em uma entrevista mais recente, ele afirmou que não quer de forma alguma "diminuir essas questões", e que os problemas apontados pela reportahem do jornal não são necessariamente abundantes, embora seu impacto sobre as pessoas possa ser enorme.
Mosseri afirmou ainda que o Facebook demorou a perceber os problemas de conectar tantas pessoas. "Eu tenho pressionado muito forte para que nós assumamos nossas responsabilidades de forma mais ampla."
Sobre as pesquisas que buscam mensurar os efeitos na saúde mental, o executivo disse que se orgulha delas. Embora afirme que alguns recursos do Instagram sejam danosos para os mais jovens, ele afirma que "também há muita coisa boa que resulta do que fazemos".