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Conscientização

Esclerose Múltipla: por que afeta mais mulheres do que homens?

Redação Bonde com Assessoria de Imprensa
31 ago 2022 às 23:03

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Na terça-feira (30) é celebrado o Dia Nacional de Conscientização sobre a EM (Esclerose Múltipla). É uma data de extrema importância para os pacientes de EM e seus familiares, representando uma conquista fundamental na luta pela divulgação e pelo reconhecimento da doença no cenário nacional. A esclerose múltipla, é uma doença crônica que pode afetar o cérebro, a medula espinhal e os nervos ópticos. Pode causar problemas de visão, equilíbrio, controle muscular e outras funções básicas do corpo.


O Dr. Alexandre Lucidi, médico geneticista, atuante em Neurogenética e Neuroimunologia é pesquisador e voluntário em ações de conscientização sobre a esclerose múltipla na Associação de Pacientes do Estado do Rio de Janeiro, que alerta que mulheres com esclerose múltipla superam os homens com a doença aproximadamente na proporção 3 para 1, e com diferenças ambientais e imunológicas. Especificamente, as mulheres são mais propensas a desenvolver doenças autoimunes. De fato, quase 7 em cada 10 pessoas com doenças autoimunes são mulheres.

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A diferença pode estar em uma proteína do sistema imunológico chamada interleucina-33 (IL-33), pois ela ajuda as células do sistema imunológico a se comunicarem. Outra razão pela qual mais mulheres desenvolvem esclerose múltipla do que homens pode ter a ver com hormônios reprodutivos. Antes da puberdade, meninos e meninas tendem a ter EM aproximadamente na mesma proporção. Mas, à medida que meninos e meninas entram na adolescência e na idade adulta, quando os corpos masculino e feminino produzem hormônios diferentes, as mulheres começam a ter EM em taxas mais altas do que os homens. Essa diferença leva os pesquisadores a considerar uma possível ligação entre os hormônios sexuais masculinos e femininos e a esclerose múltipla.

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Pode-se herdar EM?


Em termos básicos, os cientistas simplesmente não sabem o que causa a esclerose múltipla. Seus genes – o material genético que você herdou de seus pais biológicos – desempenham pelo menos alguma parte, mas eles não são a única causa. 

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Na esclerose múltipla, o sistema imunológico fica descontrolado e começa a danificar o sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal). Os cientistas ainda estão tentando descobrir como essa resposta funciona e o que a causa. Os cientistas pensam que, para algumas pessoas, os genes podem fazer com que seu sistema imunológico interaja com algo de alguma forma para causar a doença.

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As causas são diversas e podem incluir: fatores ambientais, como tabagismo, baixos níveis de vitamina D e obesidade na infância, que demonstraram aumentar o risco de EM. 

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Por exemplo, a taxa de EM na população geral é de cerca de 1 em 1.000. Mas se você tem um pai com esclerose múltipla, suas chances aumentam para 1 em 50. E se ambos os pais têm esclerose múltipla, seu risco aumenta ainda mais para cerca de 1 em 8. Outras possíveis situações de histórico familiar mostram que quanto mais próximo seu relacionamento com alguém com EM maior o risco.  

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Obesidade influencia?


Segundo o Dr. Francisco Tostes, médico atuante em endocrinologia e sócio da Nutrindo Ideais, a obesidade, especialmente gordura abdominal, pode causar inflamação em seu corpo, e a inflamação desempenha um papel na EM. Ela está relacionada à obesidade e pode surgir mais frequentemente em mulheres do que em homens. Isso ocorre porque as mulheres tendem a carregar mais gordura corporal do que os homens e são mais propensas a se tornarem obesas. Os cientistas pensam que o número crescente de mulheres com EM pode estar relacionado com esta percentagem mais elevada de gordura corporal.

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Alimentação


Pesquisas mostram que hábitos alimentares e o estilo de vida têm influência no curso da esclerose múltipla. Alimentação e estilo de vida podem exacerbar ou melhorar os sintomas da EM, modulando o estado inflamatório da doença tanto na EM recorrente-remitente quanto na EM primária-progressiva. 

A nutricionista Nathália Guimarães da equipe Nutrindo Ideais e especialista em nutrição clínica integrativa e funcional, explica que isso é alcançado controlando as vias metabólicas e inflamatórias na célula humana e a composição da microbiota intestinal comensal. O que aumenta a inflamação são as dietas hipercalóricas, por alto teor de sal, gordura animal, carne vermelha, bebidas açucaradas, frituras, pouca fibra e falta de exercício físico. 

É uma doença autoimune extremamente inflamatória e uma das doenças neurológicas mais comuns. Ela gradualmente destrói as camadas protetoras que envolvem as fibras nervosas, chamadas de bainha de mielina. Embora a dieta não possa curar, algumas pesquisas sugerem que fazer mudanças de alimentação e no estilo de vida certamente podem ajudar as pessoas com EM a gerenciar melhor seus sintomas, reduzir o processo inflamatório (e com isso a sensação de dor), retardar a progressão da perda da bainha de mielina e melhorar a propagação dos impulsos nervosos.

Uma dieta amigável da EM deve focar em alimentos anti-inflamatórios, (reduzir a inflamação intestinal e sistêmica é essencial), deve ser rica em antioxidantes devido ao estresse oxidativo sempre presente nesses indivíduos e deve também ser focada em restaurar a microbiota intestinal. Hoje entendemos que existe uma correlação entre intestino – microbiota – cérebro. Esses indivíduos possuem sempre algo chamado “hiperpermeabilidade intestinal” o que leva substâncias tóxicas a entrarem na corrente sanguínea, assim gerando um processo inflamatório e autoimune muito maior. Por isso é importante focar em uma alimentação rica em fibras prebióticas e rica em polifenóis que ajudam a corrigir a hiperpermeabilidade e a modular bactérias do bem.

Além disso, muitos desses indivíduos apresentam deficiências de magnésio, vitamina A, vitaminas do complexo B como um todo – principalmente b12 – e vitamina D, que quando adequada, ajuda a modular a autoimunidade presente. A vitamina A ajuda no desenvolvimento de neurônios, a deficiência de b12 favorece o processo de perda da bainha de mielina, e deficiência de magnésio, b6 e b9 (folato) comprometem a produção de neurotransmissores importantes.

Adquirir em uma alimentação minimamente processada, rica em vegetais, verduras e frutas (focada em plant based) que são naturalmente ricos em antioxidantes, polifenóis e substâncias anti-inflamatórias é o recomendado, incluindo sempre boas fontes de ômega 3 como cavalinha, nozes e sementes de linhaça.

Além disso, algumas pesquisas mostram que pessoas com EM podem ter maior risco de doença celíaca ou sensibilidade ao glúten, que no caso, agravaria o processo inflamatório e autoimune, em grande parte por promover aumento da hiperpermeabilidade intestinal mencionada acima. Todas as pessoas com EM deveriam ser testadas para doença celíaca.

Existem alguns grupos alimentares que pessoas com EM devem limitar para ajudar a gerenciar os sintomas. A maioria desses alimentos estão ligados à inflamação crônica. Eles incluem alimentos ultraprocessados, carboidratos refinados, gorduras trans e bebidas adoçadas com açúcar, por exemplo.


Resumindo, deve-se evitar:


Proteínas processadas: salsichas, presunto, carnes enlatadas e carnes defumadas.

Carboidratos refinados: pão branco, macarrão, biscoitos e bolos.

Alimentos altamente processados ricos em aditivos: como fast-food, batatas fritas, refrigerante, bolachas.

Gorduras trans: como margarina e óleos vegetais parcialmente hidrogenados.

Bebidas açucaradas: como energéticos, bebidas esportivas e refrigerantes.

Álcool: limitar o consumo de todas as bebidas alcoólicas o quanto possível.

Glúten: caso positivo para doença celíaca ou sensibilidade ao glúten, procure evitar todos os alimentos à base de glúten, como alimentos que contenham trigo, cevada e centeio.

Algumas evidências também sugerem que dietas cetogênicas, podem ajudar a melhorar os sintomas em pessoas com EM. Um estudo que restringe carboidratos a menos de 20 gramas por dia durante 6 meses em pacientes com EM descobriu que a dieta ajudou a melhorar a fadiga e a depressão, e reduziu marcadores inflamatórios.


Atividade física


A professora doutora Ingrid Dias, Mestre em Ciências da Educação Física, Coordenadora do Grupo de Pesquisa do Laboratório de Treinamento de Força (EEFD/UFRJ) explica que assim como sabemos, a prática de atividades físicas tem efeitos benéficos em indivíduos saudáveis e também proporciona resultados potenciais no tratamento de doenças crônicas degenerativas, como a esclerose múltipla. Os principais benefícios de manter um programa regular de exercícios físicos para esses pacientes incluem: aumento da aptidão cardiorrespiratória, aumento da força e da resistência muscular, redução da fadiga, melhora do humor e da capacidade de realizar as atividades da vida diária.

Os exercícios físicos também ajudam no controle dos sintomas da doença, melhorando a qualidade de vida desses pacientes. No entanto, aqueles de alta intensidade devem ser evitados, para minimizar recaídas e a fadiga excessiva. Apesar dos inúmeros benefícios da atividade física na saúde corporal e mental dos indivíduos com esclerose múltipla, o nível de desempenho desses pacientes ainda é muito baixo. É importante que a rotina de prática faça parte dos programas de reabilitação, principalmente para minimizar os comprometimentos da capacidade funcional.

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