Um novo tipo de golpe praticado em carros de aplicativo ganhou visibilidade em Londrina nas redes sociais. No início de junho, uma estudante publicou um relato de que teria sido vítima do chamado “golpe do cheiro” quando estava, por volta das 8h, indo para a faculdade. Segundo o relato da estudante, que pediu à Folha para não ser identificada, o motorista teria errado o caminho duas vezes. A princípio, ela não se preocupou. Contudo, no segundo equívoco, ele teria entrado em uma rua de terra sem saída, na zona oeste da cidade. “Eu senti um cheiro forte. Eu não sei explicar que cheiro que é esse, eu sei que senti um cheiro forte e comecei a não me sentir bem”, contou. Na hora, ela abriu a janela ao seu lado e desconfiou de que algo estranho estava acontecendo. “Eu comecei a ficar tonta, a visão começou a ficar embaçada, eu sabia que não estava normal. Eu abri a porta e consegui sair correndo.”
A poucos metros do local, a vítima, que correu risco de desmaiar, conseguiu ajuda de um outro motorista de aplicativo, que a levou até a universidade. Lá, ela recebeu os primeiros socorros. “Minha pressão estava 15 por 10, e eu não tenho problema de pressão alta. É o contrário, eu tenho problema de pressão baixa. Estava bem acima do meu normal”, conta. No mesmo dia, ela procurou a Polícia Civil e registrou boletim de ocorrência. Com a repercussão do caso, o motorista também procurou o órgão para narrar a sua versão dos fatos.
Segundo a vítima, logo após o depoimento prestado à Polícia, não houve encaminhamento para a realização de exame toxicológico, o que é fundamental nesse tipo de crime. Como explica a advogada criminalista Carolina Sekiama, que atua em causas que envolvem violência de gênero, “os vestígios são essenciais para comprovar que a pessoa passou por alguma situação anormal". "Por mais que a palavra da vítima seja importante, os vestígios tendem a desaparecer em muito pouco tempo nesse tipo de situação”, explica.
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Caso a vítima não consiga passar diretamente pelo IML (Instituto Médico Legal) a tempo, os exames feitos na rede particular também servem como prova. “A mulher pode, por si própria, procurar um laboratório que faça exame toxicológico e explicar para o profissional o que aconteceu, para que esse vestígio não seja perdido”, orienta Sekiama. A advogada também relembra que, muitas vezes, o IML pode não realizar o exame específico que é necessário para comprovar a presença de certas substâncias no organismo.
Por se tratar de uma nova modalidade de golpe, ainda não há informações oficiais sobre como ele seria feito – qual é a substância utilizada e como o motorista não se contamina. A Polícia Civil de Londrina está acompanhando o caso e, por ora, não comentará as investigações. Segundo o órgão, esse é o primeiro caso formalizado em Londrina. A Polícia Militar também afirmou que não possui registros de ocorrências dessa natureza na cidade.
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