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Duas em cada três adolescentes brasileiras nunca foram ao ginecologista

Victoria Damasceno - Folhapress
24 nov 2021 às 09:19
- Cottonbro/Pexels
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A ida a uma consulta ginecológica se tornou um feito quase inalcançável para a maioria das adolescentes brasileiras -duas em cada três delas (o equivalente a 66%) nunca foram a uma.


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Os dados são da pesquisa "Por ser menina", da ONG Plan International Brasil, que mostra a realidade das adolescentes brasileiras através de entrevistas e questionários respondidos por jovens entre 14 e 19 anos.
Entre as meninas que já tiveram a primeira menstruação, 70% nunca passaram no especialista.

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"As desvantagens e violações de direitos que as mulheres sofrem não começam na idade adulta, elas começam na idade anterior" disse Flavio Debique, gerente nacional de programas e incidência política da organização. A Plan International atua em mais de 70 países, com o objetivo de proteger crianças e adolescentes.

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O estudo ouviu 2.589 meninas em 10 cidades das cinco regiões brasileiras. O perfil amostral contemplava adolescentes negras, brancas, amarelas e indígenas, além de levar em consideração sua identidade de gênero e orientação sexual.


Enquanto 92,4% das entrevistadas afirmam ter conhecimento suficiente sobre prevenção sexual, apenas 44,1% já tiveram uma consulta com o ginecologista.

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A situação fica ainda mais grave em famílias que recebem até um salário mínimo, em que só 31,6% das adolescentes já visitaram o especialista. Conforme a renda sobe, a facilidade para o acesso à saúde, também. Em média, 66,5% das meninas que vivem com mais de 4 salários mínimos já passaram por essa experiência.


Por outro lado, a gravidez na adolescência teve índices baixos, com apenas 3,2% do total das entrevistadas. Neste grupo, 74,1% são negras, enquanto as meninas brancas são 21%.

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A menstruação ainda é um tabu para esta faixa etária. Cerca de 40% das meninas já deixaram de frequentar a escola no período menstrual. A prática de esportes é o mais evitado, com 75,7% das adolescentes deixando de lado sempre ou às vezes.


"Na educação física a gente não tinha a opção de sentar e esperar se estava menstruada ou com cólica. Diziam 'ah, tá com cólica, vai fazer exercício que passa' ou 'se não fizer vai perder dois pontos'", disse Manoela (nome fictício), 18, de Porto Alegre.

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A pesquisa também mostrou que as escolas são os lugares mais propícios para as meninas sofrerem assédio sexual -34,2% disseram isso. É lá também onde sentem a maior discriminação de gênero, com 25,4%.


De forma geral, a escola não foi relatada como um ambiente acolhedor para essas meninas. Ela fica em segundo lugar nas categorias de violência física (22,6%) e sexual (24%), e em terceiro quando se fala de violência psicológica (20,5%).

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Ao menos 94,2% das adolescentes brasileiras já passaram por alguma situação de violência, ou presenciaram uma contra pessoas próximas. Embora as instituições educacionais tenham um espaço relevante na lista, é em casa onde elas estão mais vulneráveis.


É o espaço onde 30,7% das meninas já sofreram violência física, 24,7% afirmaram que já foram violentadas sexualmente e 25,2% dizem que passaram por situações de violência psicológica.

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Os pesquisadores mencionam a falta de orientação e incentivo para que as meninas denunciem os casos. Um dos fatores limitantes, além da falta de informação, dizem, é que os familiares costumam responsabilizar as adolescentes vítimas pela violência que sofreram.


Quando presencia um caso, Mariana (nome fictício), 18, de São Luís, no Maranhão, busca informar as autoridades competentes, mas sabe que falta informação, principalmente em áreas afastadas dos centros.


Cynthia Betti, diretora-executiva da organização, explica que a partir das vivências e depoimentos das adolescentes os dados sobre violência buscaram evidenciar uma realidade que já era clara no Brasil, de que as mulheres desde jovens estão suscetíveis a quadros de violência.


"[Nossa intenção foi] mostrar para toda a sociedade a importância de termos ações efetivas que busquem protegê-las de violências. Abuso sexual, físico, psicológico, casamento infantil, acesso desigual a oportunidades de convivência social ou profissional estão entre as violências trazidas por elas", disse.


A diretora menciona a necessidade projetos e políticas que endereçam a proteção da criança, do adolescente e sua rede de proteção, que as capacitem para que possam tomar decisões corretas sobre sua própria vida, que deem acesso a educação e emprego, e estimulem espaços de liderança, ainda majoritariamente ocupados por homens.

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