Pesquisar

Canais

Serviços

Publicidade
Saiba mais

Entenda como ficam as viagens internacionais no pós-pandemia

Mayara Paixão - Folhapress
06 jul 2021 às 10:11
- Pixabay
siga o Bonde no Google News!
Publicidade
Publicidade


Os dados sanitários dos países se tornaram uma variável de peso -se não a principal- na equação que determina como ficam as viagens internacionais no pós-pandemia e quando será esse pós.

Como essas definições dependem de fatores que mudam com frequência, muitas das perguntas sobre o tema não têm respostas exatas. Mas já há um conjunto de informações que sugere os próximos passos.

Cadastre-se em nossa newsletter

Publicidade
Publicidade


Para os brasileiros, a crise no país atrapalha o reaquecimento do turismo internacional. Pouco mais de um ano e quatro meses desde que o primeiro caso de Covid foi identificado no Brasil, a média móvel de mortes segue superior a 1.500 e só cerca de 17% da população adulta está completamente imunizada. ​

Leia mais:

Imagem de destaque
Em Curitiba

Homem que cortou corda de trabalhador ameaçou funcionários no prédio no PR

Imagem de destaque
Investigação

Quem são e o que pesa contra os suspeitos do caso Marielle Franco, segundo a PF

Imagem de destaque
Segundo IBGE

Brasil teve alta de mortes de crianças em 2022, apesar de redução geral de óbitos

Imagem de destaque
Preocupante

Brasil tem média de 40 casamentos de meninas a cada dia


Para quais países os brasileiros podem viajar hoje?

Publicidade


Hoje, turistas brasileiros são aceitos em cerca de 75 países, na maioria dos quais é preciso apresentar um teste negativo para a Covid feito 72 horas antes da chegada e cumprir quarentena, que varia de uma a duas semanas.


Mas essa é uma informação que muda com frequência, já que as autoridades sanitárias de cada país reveem periodicamente as autorizações concedidas para viajantes estrangeiros. Um dos fatores usualmente levados em conta é o número de novos casos de Covid-19 a cada 100 mil habitantes nos últimos 14 dias -que não deve ultrapassar 75. No Brasil, a proporção atual é 398/100 mil, segundo dados computados pelo consórcio de veículos de imprensa.

Publicidade


São poucos os bancos de dados confiáveis que unem essas informações. Uma opção é o mapa virtual da Associação Internacional do Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês), em que é possível, um a um, observar se os países aceitam brasileiros e o que exigem para a viagem. Esse tipo de informação também costuma ser disponibilizado pelas companhias aéreas e nos sites das autoridades locais de cada país.


Quando podemos esperar uma volta da normalidade das viagens?

Publicidade


Esse horizonte depende de diferentes fatores relacionados à saúde pública. Na balança, encontram-se o avanço da vacinação, os índices de transmissão no país de origem e de destino do viajante e o eventual surgimento de novas variantes.


Caso os calendários estaduais de imunização sejam cumpridos, o Brasil deve observar maior abertura internacional para viagens em dezembro -supostamente, brasileiros com comorbidades e os maiores de 18 anos já estarão completamente imunizados, seja com as duas doses da vacina ou com a dose única.

Publicidade


Além do cenário interno do Brasil, há um fator externo que deve dar elementos para a tomada de decisão dos países de abrirem ou não suas fronteiras: o fim da temporada de verão na Europa, em meados de setembro. O avanço da vacinação no continente vinha dando bons sinais, mas agora o panorama é de cautela. "A gente estava muito otimista, mas duas situações acenderam o sinal amarelo: o índice de contaminação entre os jovens durante a Eurocopa e a chegada da variante delta, especialmente no Reino Unido", explica a pesquisadora e professora da USP (Universidade de São Paulo) Mariana Aldrigui.


O diretor-geral da Iata no Brasil, Dany Oliveira, diz trabalhar com a estimativa de que, em 2022, o número global de passageiros atinja 88% dos níveis pré-pandêmicos. Em 2023, esses níveis seriam ultrapassados.

Publicidade


A carteirinha de vacinação que recebi no posto servirá se eu quiser viajar para o exterior?


Por enquanto, sim. O turista brasileiro também pode acessar o app Conecte SUS, desenvolvido pelo Ministério da Saúde, e emitir a certificação digital de vacinação do coronavírus, disponível em português, inglês e espanhol.

Publicidade


O mais recomendável, em um momento no qual os protocolos ainda variam muito, é estar com os dois certificados em mãos -o recebido ao tomar a vacina e o emitido online-, observa a diretora global de publicidade e assuntos institucionais da empresa Decolar, Bruna Milet.


No caso de viagem para um país que exija que o turista esteja vacinado, também é fundamental checar se esse destino aceita o fármaco com o qual o turista foi imunizado, informação que pode ser verificada com as autoridades locais do país, agências de viagem ou companhias aéreas. Mas o uso desse tipo de comprovante deve ficar obsoleto à medida que o fluxo de viagens internacionais aumentar. "O mundo caminha para gerenciar os certificados e os resultados dos testes de maneira digital", diz Oliveira, da Iata.


O Brasil discute ainda a criação do Certificado de Imunização e Segurança Sanitária, documento que permite a pessoas que tiveram resultado negativo no teste de detecção da Covid ou que estão vacinadas circular em espaços públicos e privados. Projeto sobre o tema foi aprovado no Senado e agora aguarda avaliação da Câmara dos Deputados. Mas atenção: teria impacto apenas no turismo doméstico.


Na Europa, há um certificado digital de vacinação. Qual a função dele?

A União Europeia padronizou um certificado digital que centraliza informações de cidadãos e residentes dos 27 Estados-membros do bloco e da zona Schengen, que inclui Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça. Ele passou a valer em 1º de julho.


Com o certificado, os residentes começaram a transitar com mais facilidade pelas fronteiras internas. Os países-membros devem permitir a entrada daqueles que, com o documento, comprovarem que tiveram resultado negativo para o coronavírus ou, então, estão completamente vacinados com imunizantes aprovados pela agência regulatória europeia (EMA) -neste momento, as vacinas desenvolvidas por Moderna, AstraZeneca, Pfizer e Janssen. Como é de praxe dos acordos firmados no bloco, cada país tem soberania para impor ou retirar quaisquer restrições de acordo com sua situação doméstica. Até o momento, Suíça e Croácia anunciaram que aceitarão os imunizados com a Coronavac, desenvolvida pela chinesa Sinovac e fabricada também no Brasil.


Estrangeiros não têm acesso a esse documento. Mas atualmente a União Europeia permite a livre entrada de turistas de 26 países, como EUA, Austrália e Japão. O Brasil não está na lista.


Existem planos de ter esse certificado em nível mundial?

Ainda não há sinalização sobre um certificado internacional de vacinação contra a Covid validado por organismos como a OMS (Organização Mundial da Saúde). Mas a simplificação e a integração dos comprovantes estão no horizonte. Por ora, esse tipo de iniciativa tem partido de entidades privadas.


A Iata, por exemplo, atua ao lado da Organização de Aviação Civil Internacional e da OMS para padronizar os certificados de vacinação e de testes e promover o reconhecimento mútuo entre países. A associação desenvolve o Iata Travel Pass, um aplicativo em fase de testes que, entre outras informações, deve reunir o certificado de vacinação, o resultado de testes para o coronavírus e se a pessoa já teve ou não a doença.


Qual o papel da OMS nesse assunto? Como a organização tem se manifestado?

A OMS tem o papel de fornecer orientações e endossos, e os países podem ou não acatar. Em relação à abertura de fronteiras, a decisão depende muito mais da situação sanitária e de relações bilaterais entre as nações, ou entre os países que formam blocos (como União Europeia e Mercosul).


A organização tem sido pressionada, mas pouco se manifestou sobre os certificados ou os chamados passaportes de vacinação. No início de fevereiro, divulgou uma posição provisória sobre o assunto, na qual disse ser contrária à introdução de requisitos de vacinação para viagens internacionais. A posição era fundamentada em dois argumentos científicos e éticos: 1) é preciso mais tempo para entender a eficácia das vacinas para reduzir a transmissão de novas variantes; 2) esse tipo de iniciativa poderia aprofundar a desigualdade na distribuição de vacinas pelos países.


Na última quinta (1º), o consórcio global Covax Facility, liderado pela OMS, pediu que "todas as autoridades nacionais e locais, no momento de abrir suas fronteiras, reconheçam como completamente imunizadas todas as pessoas que tenham recebido uma vacina aprovada pela OMS". A declaração foi dada no mesmo dia em que a organização aprovou a vacina Coronavac.


Qual o impacto da política doméstica para acelerar ou retardar um maior volume de viagens internacionais dos brasileiros?


Assim como a economia nacional dita, em partes, o fluxo de turismo do país -a valorização da moeda, por exemplo, pode facilitar a demanda por viagens-, as decisões sanitárias de um país também são importantes, ainda mais no contexto pandêmico. O andamento da imunização e as políticas de controle da doença, além de passarem mensagens positivas para outras nações, controlam o avanço do vírus e tornam os habitantes mais propensos a serem aceitos como turistas.


O caso brasileiro tem entraves. O avanço do vírus, com altas cifras, e as recentes investigações sobre a omissão do governo federal no combate à pandemia prejudicam o país. "Necessitamos urgentemente de uma revisão das políticas e de mensagens mais claras para a comunidade internacional", diz Mariana Aldrigui, da USP. "Isso aceleraria o retorno ao normal."


O perfil das viagens deve mudar no pós-pandemia?


Para os três especialistas ouvidos pela reportagem, isso é pouco provável. Bruna Milet, da Decolar, diz que as viagens terão caráter de celebração, já que há grande demanda represada por parte dos brasileiros. É possível projetar, diz ela, viagens mais prolongadas e com gasto per capita maior, mas é difícil estabelecer por quanto tempo isso se manterá.

Aldrigui, da USP, diz que 2022 deve apresentar uma explosão do consumo (o que engloba o turismo) e que, apesar de nas viagens domésticas os turistas terem buscado maior bem-estar e controle dos protocolos sanitários, é possível que o alto preço dessas demandas em viagens internacionais seja determinante. "Quando o exclusivo fica caro, a gente retrocede para o que é coletivo."


Publicidade

Últimas notícias

Publicidade