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Repórteres Sem Fronteiras alerta para discurso anti-imprensa no Brasil

04 mai 2022 às 09:05

A ONG (Organização Não-Governamental) RSF (Repórteres Sem Fronteiras) publicou na terça-feira (3) o ranking global de liberdade de imprensa e fez um alerta para os discursos cada vez mais antimídia no Brasil. O país aparece somente na 110ª posição entre 180 países, "subindo" uma colocação em relação ao ano passado.


Ainda segundo o órgão, a relação entre imprensa e governo está piorando mais no decorrer do governo de Jair Bolsonaro (PL).


"A desconfiança em relação à imprensa, alimentada pela retórica antimídia e pela banalização do discurso estigmatizante da classe política, especialmente no Brasil (110º do Ranking), em Cuba (173º), na Venezuela (159º), na Nicarágua (160º) e em El Salvador (112º), ganhou mais terreno. Cada vez mais visíveis e virulentos, esses ataques públicos enfraquecem a profissão e incentivam processos abusivos, campanhas de difamação e intimidação - principalmente contra mulheres - e assédio online contra jornalistas críticos", aponta o texto publicado pela ONG.


Na análise global, a RSF pontua que existe um "número recorde de países em uma posição muito grave", sendo que 12 nações estão na "lista vermelha", incluindo a Rússia e Belarus. Esses dois países são extremamente alinhados e o regime de Aleksandr Lukashenko é o único a apoiar abertamente Vladimir Putin em sua guerra na Ucrânia.


O conflito europeu, inclusive, ganhou destaque na análise publicada.


"Internacionalmente, a assimetria entre sociedades abertas, por um lado, e regimes despóticos que controlam seus meios de comunicação e suas plataformas enquanto travam guerras de propaganda, por outro, enfraquece as democracias. Em ambos os níveis, essa dupla polarização é um fator de intensificação das tensões", afirma o relatório.


"A invasão da Ucrânia (106ª) pela Rússia (155ª) no final de fevereiro de 2022 é emblemática do fenômeno, pois foi preparada por uma guerra de propaganda", comentam os especialistas.


A RSF também chama atenção para a falta de regulamentação da comunicação online, ressaltando que o ranking "mostra os efeitos desastrosos do caos da informação (um espaço digital globalizado e desregulamentado, que favorece a informação falsa e a propaganda)".


Os melhores do ranking, mais uma vez, foram Noruega, Dinamarca e Suécia. Os demais países do top 10 foram Estônia, Finlândia, Irlanda, Portugal, Costa Rica, Lituânia e Liechtenstein.


Por outro lado, os 10 piores nações em liberdade de imprensa são: Coreia do Norte (180), Eritreia (179), Irã (178), Turcomenistão (177), Myanmar (176), China (175), Vietnã (174), Cuba (173), Iraque (172) e Síria (171).

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