O momento do parto é a fase mais importante e arriscada da gestação. Contrações, dores e a corrida contra o tempo para que o bebê venha ao mundo – tudo faz parte de um cenário intenso. Durante anos, as equipes médicas se prontificaram para fazer essa chegada do jeito mais rápido possível, e parece ótimo, mas é justamente essa urgência de encerrar o parto o mais rápido possível, como uma linha de produção, que pode levar à violência obstétrica.
Identificada por abuso físico, sexual, verbal e discriminação, seja por idade, raça ou condição social, a violência obstétrica também está relacionada a falta de recursos ou má condição do sistema de saúde, além da recusa, por parte da equipe médica, de oferta de tratamentos à mãe ou ao bebê. E para contrapor essa realidade violenta, foi instituído o conceito do parto humanizado, uma alternativa saudável em um dos momentos mais cruciais da gestação.
O que é o parto humanizado?
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Este não é necessariamente um tipo de parto, e sim uma forma com a qual a equipe médica conduz o momento, baseada em orientações da OMS (Organização Mundial de Saúde), através de evidências coletadas ao longo dos anos. A assistência humanizada, como também pode ser chamada, garante que a mulher tenha à disposição o melhor amparo médico e tecnológico para garantir a segurança dela e do bebê, e só receber intervenções quando for realmente necessário.
Nessa forma de conduta, a mulher é a protagonista do parto, e sua autonomia é respeitada. Assim, é seguido o curso natural do parto, e a equipe médica só vai interferir se houver a real necessidade, e, principalmente, com o consentimento dos envolvidos.
Uma experiência de parto no qual a mulher é protagonista e tem seus direitos respeitados
O conceito do parto humanizado é seguir o curso natural das coisas no tempo em que elas devem ocorrer. Se a mulher, desde o primeiro instante, quiser tomar a anestesia, por exemplo, ela pode. Se ela quiser caminhar antes do parto, com a assistência e o aconselhamento de uma doula, ela pode. Se ela quiser dançar na sala de parto para relaxar – inclusive, os vídeos dessas danças são ótimos –, ela pode. Se ela quiser fazer o parto na banheira, ou em qualquer lugar apropriado, ela pode. É sobre garantir o direito de escolha e ter uma equipe médica para acompanhar, com todos os profissionais necessários, mas que vai apenas intervir caso haja necessidade.
Vale destacar que a equipe médica é composta por um obstetra, uma enfermeira obstetra, uma doula (opcional), um pediatra e um anestesista. Todas as funções se complementam na hora do parto: a doula fornece apoio emocional, sem realizar a parte técnica da equipe médica, mas contribui com exercícios de respiração, massagem e liberação da pelve. Já a enfermeira cuida para que não haja complicações e realiza exames a todo momento, como ouvir os batimentos do bebê, da mãe, verificar oxigenação, dilatação do colo, pressão arterial, entre outros mil fatores, que são ensinados à exaustão no curso de enfermagem.
O pediatra recebe o bebê após o nascimento e realiza os primeiros cuidados, principalmente relacionados à asfixia. Já o obstetra coordena todas as outras funções, pois vêm acompanhando a gestante desde o início da gravidez. Por fim, o anestesista fica na sala de parto de prontidão, caso a mulher julgue que é necessária a utilização de anestesia ou que a equipe médica, por motivos de segurança para a mãe e para o bebê, ache necessária, sempre com consentimento da mulher.