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Viajar mais leve vira opção para frear o impacto do overturismo

Gabriel Justo - Folhapress
17 nov 2023 às 18:44
- iStock
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O que é indispensável em uma primeira visita à capital da Catalunha? Sem dúvida, conhecer as obras projetadas por Gaudí, um dos mais célebres modernistas. Ainda que o viajante não seja muito ligado em arte e história, as construções elaboradas por ele são difíceis de ignorar.


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Mas desde que a pandemia arrefeceu e os turistas começaram a tirar o atraso, visitar certas áreas de Barcelona tem se tornado algo um pouco menos espontâneo do que antes.

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Eram 9h de uma manhã em outubro —um mês tido como de baixa temporada. Ainda faltava meia hora para o parque Güell abrir os portões, mas uma horda de turistas de todos os cantos do mundo já se aglomerava nas ladeiras que levam até lá, dispostos a se fotografar entre as esculturas de Gaudí. Às 10h, todo o parque já estava lotado, fazendo até o mais solitário dos viajantes se sentir dentro de uma grande excursão escolar.

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Experiências assim são cada vez mais comuns. Mas na contramão desse turismo de massa (ou "overturismo"), cada vez mais criticado por seu impacto ambiental e por afetar comunidades e seus patrimônios, começa a ganhar força outra tendência no pós-pandemia —a de viajar da maneira mais leve possível, com outro tipo de relação com os destinos visitados.


O primeiro alvo tem sido empresas como o Airbnb, acusadas de inflacionar aluguéis e alterar a dinâmica em cidades que recebem muitos viajantes.

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Barcelona, um dos pontos mais visitados da Europa, foi a primeira grande cidade europeia a proibir o aluguel de quartos de curto prazo —que se popularizou justamente em plataformas como o Airbnb.


Amsterdã, na Holanda, passou a cobrar taxas de quem oferece hospedagem paga a turistas e, em Nova York, esse tipo de aluguel foi proibido - por lá, o tempo mínimo de permanência num imóvel oferecido no Airbnb é de um mês.

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Com 50 mil residentes e cerca de 30 milhões de turistas por ano, Veneza foi além e proibiu grandes navios de cruzeiros de atracar no seu centro histórico. Em 2024, se tornará a primeira cidade do mundo a cobrar uma entrada (de cerca de 5 euros ou R$ 26) dos visitantes. Tudo para frear o "overturismo" e tentar, de alguma forma, preservar o que restou da atmosfera que tornou aquele local tão atraente.


Para além da questão das estadias, muitas cidades europeias já miram outros alvos. Além de exigir agendamento prévio para quase tudo, a capital da Catalunha não só passou a restringir o tamanho dos grupos que passeiam pelas ruas como os obriga a usar rádios e fones de ouvido em vez de megafones.

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Em Dubrovnik, cidade na Croácia que foi cenário de "Game of Thrones", o governo proibiu o uso de malas de rodinhas no centro histórico para reduzir a poluição sonora, especialmente à noite.


Não são só as cidades que se movimentam nessa onda. Desde julho, passageiros da Japan Airlines têm a opção de alugar as roupas para todo o período de sua estadia no Japão. Ainda em fase de testes, o serviço elimina a necessidade de malas e as respectivas emissões de carbono necessárias para carregá-las pelo globo —a companhia estima que cada dez quilos de bagagem num avião demandam a emissão de outros sete quilos de carbono, considerando um voo Tóquio-Nova York. É uma medida adotada contra uma das principais críticas ao excesso de viagens —o seu impacto ambiental.

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Segundo a OMT, a Organização Mundial do Turismo da ONU, até 2030 as emissões relacionadas ao transporte turístico devem crescer 25% em relação aos níveis de 2016, levando a um aumento de 5% no total de emissões do planeta. Até lá, diz a entidade, o mundo terá 1,8 bilhão de turistas.


Não à toa, agentes de toda a cadeia do setor têm se movimentado para tornar o turismo um pouco mais sustentável.

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Enquanto empresas como a Japan Airlines testam o serviço citado, as fabricantes de motores e aeronaves aceleram o desenvolvimento de aviões elétricos, que já começam a voar, mas ainda sem capacidade para muitos passageiros.


Também de olho na pegada ambiental, há resorts na Suíça e na Áustria incentivando seus clientes a alugar todo o equipamento, como esquis e capacetes, no hotel, em vez de carregá-los. Em países africanos como Quênia, Uganda e Tanzânia, os serviços de hospedagem também têm pedido aos turistas para empacotar pertences em sacolas leves, de tecido, além de oferecer itens de higiene pessoal, protetor solar e repelente. Na mala mesmo, só o que for realmente imprescindível.


De acordo com dados da startup francesa Murmuration, que monitora por satélites o impacto ambiental

do turismo, cerca de 80% dos viajantes visitam apenas 10% dos destinos turísticos existentes no planeta. Melhorar o acesso a lugares menos populares até pode ajudar a desafogar os mais lotados, mas sob o risco de espalhar o problema para novos locais.


Mas se tudo que os turistas querem é se desconectar da vida cotidiana e conhecer novos destinos, por que eles escolhem visitar os mesmos lugares que "todo mundo" já viu?


"Na Europa tudo é muito perto e fácil de chegar, então é natural que a gente queira visitar o máximo de lugares, fazer o máximo possível de coisas. Tem essa coisa do "eu não posso deixar de fazer isso", diz o psicólogo clínico e viajante João Oliveira. "E nessa, a gente não necessariamente faz um planejamento alinhado com o que a gente sente, com o que a gente quer, com o que faz sentido para a gente."


Para ele, os impactos negativos do turismo de massa têm muito a ver com hábitos de consumo desenfreado, potencializado pelas redes sociais, que as pessoas reproduzem ao viajar. E com isso, acabam optando pela quantidade de "checks" na lista em vez de mais qualidade do passeio.


O mais importante ao planejar uma viagem, diz Oliveira, é questionar a si mesmo qual o seu estilo de turista, o que se pretende com a viagem e o que é possível colocar em prática dentro dos seus limites financeiros e físicos. Se você está muito estafado do trabalho e não guardou muito dinheiro, talvez uma "eurotour" por vários países não seja exatamente o que você precisa —por mais atraente que seja.


"A partir disso, é possível que a gente passe a se relacionar com os destinos e com as pessoas de outra forma, com mais alinhamento, mais propósito, fugindo daquela expectativa fantasiosa que normalmente antecede uma viagem", diz o psicólogo.


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