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Troglobius brasiliensis

Inseto em extinção de 1 mm é encontrado só em caverna no Pará

Luiz Cláudio Ferreira - Agência Brasil
03 out 2023 às 11:55

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- Acervo Ideflor-Bio/PAT Xingu
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Um inseto de 1 milímetro sem olhos e com seis pernas é encontrado dentro de uma única caverna no interior do Pará. Pesquisadores brasileiros estão mobilizados para a preservação do Troglobius brasiliensis, ainda sem nome popular, que está criticamente ameaçado de extinção. 


A ação para manter o animal (inofensivo ao ser humano) em uma rocha na Caverna do Limoeiro (o único registro em todo o mundo), em Medicilândia (PA), vai além das cavernsa e tem potencial de sensibilizar comunidades para o respeito ao meio ambiente. Nas expedições, os cientistas ficaram agachados por horas em busca de encontrar o inseto.

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“O animal existe, tem direito de continuar existindo e está intimamente associado ao processo de ciclagem de nutrientes no solo (da caverna)”, diz o professor Douglas Zeppelini, da UEPB (Universidade Estadual da Paraíba). Ele comenta que o bicho, registrado pela primeira vez há 25 anos,  se alimenta de detritos e transforma a matéria orgânica em decomposição, mantendo o ciclo natural para a riqueza do solo.

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O trabalho de preservação do Troglobius brasiliensis é do PAT Xingu (Plano de Ação Territorial para Conservação das Espécies Ameaçadas de Extinção do Território Xingu), com o trabalho de pesquisadores do projeto Pró-Espécies: Todos contra a Extinção. 

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A ação é coordenada pelo MMA (Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima) e pretende gerar iniciativas para reduzir as ameaças e melhorar o estado de conservação de pelo menos 290 espécies categorizadas como Criticamente em Perigo.


“Com as expedições recentes, conseguimos coletar novos dados sobre essa espécie e observamos que o bicho está dentro de uma cadeia alimentar de organismos. Imagine que todos os indivíduos da espécie inteira habitam uma localidade em um único ponto”. 

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De acordo com os pesquisadores, a caverna está bem conservada e conta com a consciência dos donos da fazenda. “A gente se sente muito privilegiada depois dessas descobertas, já que a fazenda está bem conservada”, aponta a fazendeira Rosane Gotardo. Ela espera que as pessoas na região fiquem mais bem informadas sobre a novidade e que existam mais recursos para proteção do local. 


Políticas públicas

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Zeppelini entende que seria necessária uma unidade de conservação, levando em conta que os proprietários colaboram para preservação da região. “Nós coletamos o material de pesquisa em três expedições para fazer o levantamento”. O pesquisador defende que existam políticas públicas para preservar os animais ameaçados de extinção.

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Ele lembra que, além do Troglobius brasiliensis, os pesquisadores encontraram um pseudoescorpião predador. Uma mostra, segundo ele, de que o ecossistema da caverna está funcionando perfeitamente. “São duas espécies que ocupam diferentes níveis na cadeia alimentar”. 


Sensibilização

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A coordenadora do PAT Xingu, Nívia Pereira, pesquisadora do Ideflor (Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará), também defende que é necessário garantir visibilidade para mudar a realidade de espécies ameaçadas, o que inclui levar as histórias para diferentes públicos, como é a escola, por exemplo. “Conscientizar ou sensibilizar a comunidade está entre os objetivos. Percebemos que a caverna do Limoeiro, entre todas que a gente visitou, tem o entorno mais conservado. Há uma fauna que entra e sai da caverna”. 

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A área do plano tem contexto de dificuldades, incluindo incidência de desmatamento, avanço agrário e garimpo. “O plano contempla a preservação de oito espécies e já tivemos resultados muito interessantes”. Além das expedições, os pesquisadores têm como prioridade a educação ambiental. É esse aprendizado que fascina os pesquisadoras que precisa chegar às crianças em uma aula prática de meio ambiente, saúde e educação.


A bióloga Tayane Accordi, da Secretaria de Meio Ambiente de Medicilândia, destaca que é importante a parceria com o plano Pat Xingu, a fim de promover a proteção das espécies na cidade, com ênfase no Troglobius, que é o mais sensível. A conscientização sobre a novidade é trabalhada na escola. “Promovemos campanhas de educação ambiental nas escolas e, em breve, vamos implementar com  algumas das metas do plano”.


Potencial de cavernas


Para o analista ambiental Daniel Mendonça, do ICMbio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), que atua na pesquisa e conservação de cavernas, pode haver interesse turístico em regiões como essa. 


A lógica é simples: ao garantir visibilidade para os animais, maior seria o interesse de conservar. “Que mais cavernas possam ter planos para o turismo ocorrer de forma sustentável”. As instalações têm custos como escadaria, rampa e outras estruturas, mas que devem ser feitas com planejamento 


Mendonça frisa que a Constituição Federal considera as cavernas como bem da União e que devem ter proteção máxima. Para ele, há um mundo de descobertas em estruturas naturais de fauna e flora. Hoje o Brasil tem, registradas e conhecidas, aproximadamente 23.500 cavernas. 


Há estimativa de mais de 150 mil. A caverna do Limoeiro tem 1,5 mil metros de extensão. “Quanto mais mapear, maior a chance de proteger também. Na verdade, é desaconselhável que se entre em uma caverna que não se conhece sozinho. Sempre é um ambiente de risco”, alerta.


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